Cenários de adequação ambiental para pisciculturas com base no Código Florestal Brasileiro

Autores

  • Bruna Roque Loureiro ersidade Federal de Santa Catarina , Departamento de Aquicultura, Laboratório de Biologia – Florianópolis (SC), Brasil. https://orcid.org/0009-0003-7603-3108
  • Marcus Vinícius de Andrada Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas – Florianópolis (SC), Brasil. https://orcid.org/0000-0003-4640-2155
  • Eric Arthur Bastos Routledge Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Brasília (DF), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-7537-8564
  • Fabiano Muller Silva Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Aquaculture and Fisheries Development Center – Florianópolis (SC), Brazil. https://orcid.org/0000-0003-0862-4398
  • Nathalia Marchiori Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Aquicultura, Laboratório de Biologia – Florianópolis (SC), Brazil |Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Aquaculture and Fisheries Development Center – Florianópolis (SC), Brazil. https://orcid.org/0000-0001-8025-8447
  • Alex Pires de Oliveira Nuñer Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Aquicultura, Laboratório de Biologia – Florianópolis (SC), Brazil https://orcid.org/0000-0002-4682-3307

DOI:

https://doi.org/10.20950/1678-2305/bip.2024.50.e846

Palavras-chave:

Aquicultura, Avaliação ambiental, Áreas de preservação permanente, Legislação florestal, Cadastro ambiental rural

Resumo

Este estudo teve como objetivo avaliar cenários de adequação ambiental para pisciculturas em Santa Catarina, Brasil, aplicando as regras de adequação e ocupação em Áreas de Preservação Permanente (APPs) do Código Florestal vigente. Propriedades rurais (n=15) com aquicultura comercial foram selecionadas para projeção de cenários de ocupação em APPs. A análise de adequação foi baseada nas normas legais que norteiam o processo de licenciamento da atividade, posteriormente com a inclusão de bases de dados públicas que compõem essa política ambiental. A partir dos mapas de adequação por propriedade em diferentes cenários, na regra mais restritiva, 93,3% das propriedades analisadas apresentaram passivos ambientais devido à ocupação em APPs. Na regra menos restritiva, 80% das propriedades rurais apresentaram passivos ambientais. Considerando o cenário ideal, em que não há ocupação de APP, foram identificadas 6% das pisciculturas; no cenário menos restritivo, 16%; e no cenário restritivo, 78% das pisciculturas. Em conclusão, a insegurança jurídica quanto à aplicação do NFC no bioma Mata Atlântica pode ser um obstáculo à regularização dos processos ambientais na piscicultura. No entanto, é possível e viável em ambos os cenários, apenas para os perfis de ocupação III e IV é mais particular a análise para a continuidade da atividade, considerando a regra de recomposição mínima.

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Publicado

2024-06-24

Edição

Seção

Artigo cientí­fico