Comercialização de mexilhão bioinvasor Perna viridis (Linnaeus, 1758) no município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.20950/1678-2305/bip.2024.51.e905Palavras-chave:
Água de lastro, Bioinvasão, Mexilhão verde asiático, Perna pernaResumo
A água de lastro é utilizada pelos navios para garantir sua segurança operacional e estabilidade, porém, quando se utiliza a água do mar como lastro, pode ocorrer a dispersão de espécies marinhas exóticas. As espécies nativas de outras regiões podem ser carreadas e ocasionar sérias consequências, tanto socioambientais quanto econômicas, por causa da interação com as espécies locais. Objetivou-se com o presente trabalho registrar a ocorrência do bivalve Perna viridis, na produção, extração e comercialização no município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Esse molusco, originário da Ásia, é atualmente encontrado em abundância na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Além disso, verificaram-se as consequências desastrosas da introdução dessa espécie invasora para a nativa da região, o Perna perna. A observação da propagação do mexilhão P. viridis no local ocorreu de janeiro a agosto de 2022, com visitas mensais a três comunidades de Niterói que comercializam mexilhões: Jurujuba (área de cultivo), Boa Viagem e Centro (extrativismo) – regiões litorâneas da Baía de Guanabara. Concluiu-se que essa ocorrência foi evidenciada no cultivo, extrativismo e comercialização irregular dessa espécie introduzida na Baía de Guanabara sem o conhecimento dos órgãos competentes no Brasil.
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