Resistência do mexilhão Perna perna a baixas salinidades e sua relação com a contaminação bacteriológica
Palavras-chave:
moluscos bivalves, mexilhão Perna perna, TM (50), salinidadeResumo
Os mitilídeos são classificados mundialmente como espécies eurialinas, ocupando grande área da faixa costeira e estuarina. No Brasil, a espécie mais importante em termos econômicos e produtivos é o mexilhão Perna perna. O objetivo deste trabalho foi estudar a resistência dessa espécie a baixas salinidades, visando contribuir para o conhecimento sobre sua biologia e fornecer subsídios que auxiliem no ordenamento da atividade extrativa e de maricultura. O estudo foi desenvolvido com animais coletados no costão da Ilha de Urubuqueçaba, município de Santos (SP), local mais abrigado e sob influência de contaminação bacteriológica, e no costão da Praia do Guaraú, município de Peruíbe (SP), local mais exposto í ação das ondas e sem contaminação. Para a determinação da resistência dos mexilhões a baixas salinidades realizaram-se experimentos em duplicata em duas temperaturas-ambiente (19°C e 28°C), nos meses de fev./2001 e ago./ 2001. Nos testes de resistência a baixas salinidades foram utilizados cinco tratamentos (salinidades de 4, 14, 24, 31 e 34) com quatro repetições cada um. Determinou-se o tempo decorrido para a morte de 50% dos animais (Tolerí¢ncia Média = TM 50) e também o número de animais mortos em cada parcela após um tempo fixo de exposição. Os resultados indicam que os mexilhões provenientes de Urubuqueçaba são menos resistentes a baixas salinidades que aqueles provenientes de Guaraú. Isto pode indicar que a contaminação bacteriológica afeta a resistência dos moluscos, mesmo considerando as diferentes condições oceanográficas de abrigo dos costões rochosos nos dois locais estudados.
Referências
BHAT, S. and DESAI, P.V. 1998 Effect of thermal and salinity stress on Perna viridis heart (L.).Indian J. Exp. Biol., 36(9): 916-919.
BRASIL 1987 Portaria 01 de 28 de janeiro de 1987.Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria Nacional de Vigilí¢ncia Sanitária.
BROCK, R.L.; GALBRAITH, G.R.; BENSEMAN, B.A.1985 Relationships of rainfall, river flow, and salinity to faecal coliform levels in a mussel fishery. N.Z. J. Mar. Freshwat. Res., 19(4): 485-494.
F.D.A. (Food and Drug Administration) 1992 Bacteriological Analytical Manual. 7. ed. Arlington: A.O.A.C. International. 529p.
HAMILTON, M.A.; RUSSO, R.C.; THURSTON, R.U. 1977 Trimmed spearman-karber method for estimating median lethal concentrations in toxicity bioassays. Environm. Sci. Technol., 11(7):714 -719.
HENRIQUES, M.B.; PEREIRA, O.M.; ZAMARIOLLI,L.A.; FAUSTINO, J.S. 2000 Contaminação bacteriológica no tecido mole do mexilhão Perna perna (Linnaeus, 1758) coletado nos bancos naturais do litoral da Baixada Santista. Arquivos de Ciências do Mar, UFCE í LABOMAR, Fortaleza,33: 69-76.
HICKS, D.W.; HAWKINS, D.L.; McMAHON, R.F. 2000 Salinity tolerance of brown mussel Perna perna (L.) from the Gulf of Mexico: An extension of life table analysis to estimate median survival time in the presence of regressor variables.Journal of Shellfish Research, 19(1): 203-212.
KURIAKOSE, P.S. 1983 Salinity tolerance of brown mussel Perna indica. In: SYMPOSIUM ON COASTAL AQUACULTURE, Kerala, 1983. Proceedings… Part.2: Molluscan Culture, Marine Aquat. Biol. and Fish. Kerala, Índia. 705p.
LAMPARELLI, C.C. 1987 O bivalve Perna perna (Linnaeus, 1758) como amostrador biológico das condições ecológico-sanitárias de águas costeiras. São Paulo. 136p. (Dissertação de Mestrado.Instituto de Biociências, USP).
MASILAMONI, J.G.; JESUDOSS, K.S.;NANDAKUMAR, K.; SATPATHY, K.K.; AZARIAH, J.; NAIR, K.V.K. 1997 Physiological
response of the green mussel Perna viridis in relation to size and salinity. Proc. Indian Natl.Sci. Acad. Biol. Sci., 63(4): 305-314.
PATTERSON, J. e AYYAKKANNU, K. 1996 Effect of salinity on nitrogen excretion and haemolymph ammonia concentration of Perna viridis (Mollusca: Bivalvia). In: WORKSHOP OF THE TROPICAL MARINE MOLLUSC
PROGRAMME-TMMP, 6., Annamalai, 1996.Proceedings.... Annamalai University. n.16,p.299-304.
PEREIRA, O.M.; HENRIQUES, M.B.; ZENEBON, O.; SAKUMA, A.; KIRA, C.S. 2002 Determinação dos teores de Hg, Pb, Cd, Cu e Zn em moluscos (Crassostrea brasiliana, Perna perna e Mytella falcata). Rev. Inst. Adolfo Lutz, 61(1): 19-25.
PESSATTI, M.L.; RESGALLA, C.; REIS, F.R.W.; KUEHN, J.; SALOMÃO, C.; FONTANA, J.D. 2002 Variabilidade de filtração e valores de assimilação de alimento, atividade respiratória e resistência do mecanismo no molusco Perna
perna. Rev. Brasil. Biol., 62(4): 651-656.
ROMERO, S.M.B. e MOREIRA, G.S. 1981 Efeitos combinados de salinidade e temperatura na sobrevivência de embriões e veligers de Perna perna (Linnée, 1758) (Mollusca-Bivalvia). Bol. Fisiol. Anim. Univ. São Paulo, 5: 45-58.
SALOMÃO, L.C.; MAGALHíES, A.R.M.; LUNETTA, J.E. 1980 Influência da salinidade na sobrevivência de Perna perna (Mollusca:Bivalvia). Bol. Fisiol. Anim. Univ. São Paulo, 4:143-152.
SIDDALL, S.E. 1979 Effects of temperature and salinity on metamorphosis in two tropical mussels. In: ANNUAL MEETING OF THE NATIONAL SHELLFISHERIES ASSOCIATION, 70., New Orleans, 1979. New Orleans. p.69-199.
SIDDALL, S.E. 1982 Dispersal and recruitment of tropical mussel larvae as affected by temperature and salinity. J. Shellfish Res., 2(1): 106-107.
TAN, S.H. 1997 Effect of salinity on hatching, larval growth and survival in the green mussel Perna viridis (Linnaeus). In: WORKSHOP OF THE TROPICAL MARINE MOLLUSC PROGRAMME TMMP, 7., Central and West Java,
1997. Proceedings... Central and West Java.n.17(1), p.279-284.
ZUIM, S.M.F. e MENDES, E.G. 1981 A Influência da salinidade na taxa respiratória de dois mexilhões, Perna perna e Brachidontes solisianus (Mollusca, Bivalvia). Rev. Brasil. Biol.,41(1): 57-61.
