Efeito da seca e da variação espacial na abundí­¢ncia de indiví­­duos nas guildas tróficas da ictiofauna em um reservatório no Semiárido Brasileiro

Autores

  • Jônnata Fernandes de OLIVEIRA DCAN / UFERSA
  • Rodrigo Silva da COSTA DCAN / UFERSA
  • José Luís Costa NOVAES DCAN / UFERSA
  • Luzia Geize Fernandes REBOUÇAS DECB / FANAT / UERN
  • Antonio Luiz Nogueira de MORAIS-SEGUNDO DECB / FANAT / UERN
  • Danielle PERETTI DECB / FANAT / UERN http://orcid.org/0000-0002-5333-9812

DOI:

https://doi.org/10.20950/1678-2305.2016v42n1p51

Palavras-chave:

peixe, reservatório de Pau dos Ferros, recurso alimentar

Resumo

A abundí­¢ncia de indiví­­duos que compõem as guildas tróficas de peixes pode ser regida por modificações temporais e espaciais, considerando que perí­­odos e locais distintos dispõem de diferentes condições bióticas e abióticas. Assim, verificou-se o efeito da seca e das diferenças espaciais na abundí­¢ncia de indiví­­duos nas guildas tróficas da ictiofauna do reservatório de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. Foram coletados peixes em quatro pontos, nos meses de fevereiro, maio, agosto e novembro de 2012. Após a captura, identificação e biometria, os itens alimentares dos estômagos e intestinos foram identificados e os seus volumes, estimados. Foi calculado o Índice Alimentar (IAi), sendo seus valores utilizados para determinar as guildas tróficas. Depois, verificou-se a similaridade entre as espécies das guildas tróficas. O número de indiví­­duos que compõem as guildas foi utilizado em uma matriz de similaridade, e os resultados desse procedimento foram ordenados em análises de escalonamento multidimensional não métrico (NMDS), para avaliar a distribuição temporal e espacial das guildas. As espécies foram classificadas em quatro guildas tróficas: insetí­­vora, detrití­­vora/iliófaga, herbí­­vora e piscí­­vora. Com base nessa classificação foi constatado que o perí­­odo de seca e a estrutura dos pontos de coleta favoreceram o estabelecimento das guildas insetí­­vora e detrití­­vora/iliófaga ao longo dos meses e pontos estudados, uma vez que o reservatório de Pau dos Ferros é um ambiente eutrofizado e de baixa profundidade, com alta produtividade primária e grande disponibilidade de insetos, detritos e sedimentos.

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Publicado

2016-03-30

Edição

Seção

Artigo cientí­fico