Colapso do estoque de Umbrina canosai do Sul do Brasil devido í­Â  introdução do arrasto-de-meia-água

Autores

  • Manuel HAIMOVICI Laboratório de Recursos Pesqueiros Demersais e Cefalópodes, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
  • Luís Gustavo CARDOSO Laboratório de Recursos Pesqueiros Demersais e Cefalópodes, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

DOI:

https://doi.org/10.20950/1678-2305.2016v42n1p258

Palavras-chave:

castanha, sobre pesca, introdução de técnica, método de captura

Resumo

Recentemente o uso do arrasto-de-meia-água com equipamentos como sonares e sondas de rede tornou possí­­vel a captura de cardumes de castanha Umbrina canosai maturas e em desova que migram em direção ao norte próximo ao fundo, ao longo da plataforma externa do sul do Brasil anualmente entre o fim do outono e primavera. Os rendimentos de 2011 e 2012 foram excepcionais, 11.805 kg/dia chegando a 20.000 kg/dia quase exclusivos de castanhas, quatro vezes maiores do que os dos mais de 300 barcos de arrasto-de-parelha e emalhe-de-fundo que tem como alvo principal a castanha. O número crescente de arrasteiros de meia água, somado í­Â  intensa exploração dos últimos 40 anos, alerta sobre o forte risco de colapso da segunda espécie em importí­¢ncia na pesca demersal da região. O colapso de pescarias com a introdução de técnicas que aumentam o poder de pesca não são novidade no sul do Brasil.

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Publicado

2016-03-30

Edição

Seção

Nota cientí­­fica (Short Communication)