IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE ESPÉCIES CRÍPTICAS DE OSTRAS (GíÅ NERO Crassostrea SACCO, 1897) NA COSTA ATLÂNTICA NORDESTE DO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.20950/1678-2305.2019.45.2.446Palavras-chave:
biodiversidade, bivalves, identificação genética, ostreicultura, recursos marinhosResumo
As ostras do gênero Crassostrea Sacco, 1897 são amplamente distribuídas mundialmente, sendo importantes recursos extrativistas e de cultivo no Brasil. Por possuírem alta plasticidade fenotípica e semelhança congenérica, as identificações baseadas na morfologia da concha nem sempre são seguras. O objetivo deste estudo foi identificar as ostras do estado da Bahia, nordeste do Brasil, utilizando as ferramentas moleculares Reação em Cadeia da Polimerase, Polimorfismo do Comprimento de Fragmentos de Restrição, sequenciamento de DNA e análise filogenética. As ostras foram coletadas em 12 estações amostrais, de outubro de 2014 a março de 2015 e incluíram coletas sobre rizomas (raízes aéreas)/caules do mangue vermelho Rhizophorae mangle L. e no sedimento próximo í s raízes subterrí¢neas deste, em atracadouros, afloramentos rochosos naturais próximos ao manguezal e em três cultivos de ostras. Confirmou-se a presença de duas espécies de ostras: Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) e C. gasar (Deshayes, 1830) e que esta última foi geneticamente idêntica í C. brasiliana, relatada em estudos anteriores na costa brasileira. Não houve co-ocorrência das duas espécies no mesmo substrato, mas em dois pontos amostrais estas foram encontradas em ambientes próximos. Crassostrea rhizophorae foi observada nos rizomas/caules de R. mangle, bem como em paredes artificiais de concreto (atracadouros). As ostras semi-enterradas perto das raízes subterrí¢neas de R. mangle e aderidas a pequenas rochas de um afloramento rochoso foram C. gasar, que também foi a ostra exclusiva nos cultivos.
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