Variação espacial e sazonal da ictiofauna e uso do habitat na porção interna do estuário brasileiro Amazônico

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Palavras-chave:

diversidade, funçí­µes ecológicas, ictiofauna, baí­­a do Marajó

Resumo

Foi analisada a diversidade da ictiofauna na parte interna do Estuário Amazônico, sua distribuição espacial e temporal e abundí­¢ncia considerando o gradiente de salinidade e a importí­¢ncia da zona para reprodução e berçário. Os dados foram obtidos nas baí­­as de Guajará e Marajó e no rio Guamá. Os espécimes foram capturados no canal principal (redes de emalhar e redes de arrasto) e canais de maré (redes de tapagem) entre 2004 e 2011 durante a estação seca (julho-dezembro) e estação chuvosa (janeiro-junho). Um total de 41.516 espécimes e 136 táxons foi observado. Diferenças na composição dos peixes, abundí­¢ncia, uso da zona para berçário e criação, impulsionada, principalmente, pela salinidade, foram observadas. O canal principal da baí­­a de Marajó resultou nos maiores valores de abundí­¢ncia, especialmente durante a estação seca. O canal de maré foi usado mais frequentemente como área de reprodução do que os canais principais. Peixes de pequeno porte predominaram em todas as zonas. A riqueza de espécies (S), diversidade e abundí­¢ncia (canal principal) foi maior na baí­­a de Marajó e menor no rio Guamá (riqueza) e na baí­­a de Guajará (Margalef’s D e Shannon’s H’). A maioria das espécies, especialmente nas baí­­as de Guajará e Marajó, foi ocasional e acessória, caracterizando a área de estudo como zona de transição, com a presença de espécies de água doce, estuarinas e marinhas em todas as fases do ciclo de vida. O acompanhamento sistemático da área deve ser da mais alta prioridade, considerando a importí­¢ncia desta área em termos de biodiversidade e fonte de renda e subsistência para as populações locais.

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Publicado

2018-07-18

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Artigo cientí­fico

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