Contribuição ao conhecimento da dieta, atividade alimentar e reprodução de Lolliguncula brevis (BLAINVILLE, 1823) na região costeira de Santos (Estado de São Paulo)

Autores

  • Leandro Inoe COELHO Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo - Departamento de Oceanografia Biológica
  • Elizabeti Yuriko MUTO Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo - Departamento de Oceanografia Biológica
  • José Eduardo Amoroso Rodriguez MARIAN Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo - Departamento de Zoologia
  • Lucy Satiko Hashimoto SOARES Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo - Departamento de Oceanografia Biológica http://orcid.org/0000-0002-7300-629X

Palavras-chave:

Loliginidae, alimentação, conteúdo estomacal, proporção sexual, Brasil, Atlí­¢ntico Sudoeste

Resumo

Este estudo teve como objetivo investigar a dieta e atividade alimentar de Lolliguncula brevis na região costeira de Santos. A amostra foi também caracterizada quanto í­Â  proporção sexual e estágio de maturação gonadal dos exemplares. As coletas foram realizadas com rede de arrasto de fundo em setembro de 2005 e março de 2006, na baí­­a e plataforma continental ao largo de Santos. Foram coletados 181 exemplares, de 17 a 50 mm de comprimento de manto, entre 8,9 e 26,5 m de profundidade. A proporção sexual foi de 1,7 fêmeas:1 macho; machos atingem maturação gonadal com menor tamanho que as fêmeas. Nas duas épocas do ano, os machos, na maioria, estavam maduros, dos quais o menor mediu 23 mm de comprimento de manto. A menor fêmea madura mediu 32 mm, e todas com tamanho superior a 40 mm estavam maduras. Os resultados do grau de digestão do alimento, grau de repleção estomacal e Índice de Repleção sugerem que a espécie se alimenta ao longo de todo o dia, com maior intensidade ao anoitecer, no entanto, amostras da fase escura do dia não foram coletadas. Os itens identificados nos conteúdos estomacais foram crustáceos, peixes teleósteos, cefalópodes, briozoários e nematódeos. Crustáceos foram as presas mais importantes em todas as faixas de comprimento, no entanto, a importí­¢ncia dos peixes aumenta e a de crustáceos diminui na dieta das lulas maiores. A contribuição relativa de crustáceos na dieta foi maior no perí­­odo da tarde e ao anoitecer, e a de peixes, no perí­­odo da manhã.

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Publicado

2018-11-08

Edição

Seção

Artigo cientí­fico