Involução dos folí­­culos pós-ovulatórios em Pseudoplatystoma fasciatum (Pisces, Teleostei)

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Palavras-chave:

peixe, Pseudoplatystoma fasciatum, folí­­culo pós-ovulatório, desova

Resumo

A importí­¢ncia da criação dos bagres é hoje uma realidade devido aos conhecimentos gerados pela pesquisa e aos empreendimentos por parte da iniciativa privada. Este estudo pretendeu investigar a degeneração dos folí­­culos pós-ovulatórios (FPO) remanescentes e a natureza do comportamento reprodutivo de Pseudoplatystoma fasciatum em cativeiro. Treze horas após a aplicação da 2ª dose hormonal, 24 fêmeas da espécie, que liberaram seus ovócitos artificialmente, foram sacrificadas em diferentes tempos: 0, 1, 3, 6, 12 e 24 horas no final de dois perí­­odos reprodutivos: 12 fêmeas em jan./2001 e 12 em jan./2002, respectivamente 1ª e 2ª maturação ovariana. A seguir, fragmentos dos ovários foram retirados para estudos de microscopia de luz. O referido perí­­odo coincide com a época dos maiores valores médios de temperatura da água (26,0 ± 1,0°C) e de IGS, portanto, quando as fêmeas estão aptas í­Â  indução hormonal. Inicialmente (0 a 3 horas), os FPOs apresentam células da granulosa e da teca hipertrofiadas. Após 6 horas verifica-se redução acentuada dos folí­­culos em relação í­Â  fase anterior, a camada granulosa projeta-se irregularmente e ocorre intensa vascularização da teca. As células de ambas as camadas ficam entremeadas e penetram cada vez mais no lume. Pode-se notar a presença de células foliculares cromófobas e picnóticas e prolongamentos citoplasmáticos apicais no interior dos folí­­culos. Após 24 horas, é possí­­vel observar que o tecido pós-ovulatório se apresenta vacuolizado, provavelmente contendo lisossomos, indicativo de etapa final do processo de degeneração. Em P. fasciatum, a rapidez com que se desenvolve o processo de involução e degeneração dos FPOs pode ser atribuí­­da í­Â  alta fecundidade, í­Â  desova total e única, ao curto perí­­odo de desova (dois meses), í­Â  ausência de comportamento de proteção da prole e í­Â  intensa proliferação de ovócitos primários e ninhos de ovogônias, exibidos pela espécie.

 

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Publicado

2018-10-29

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Seção

Artigo cientí­fico

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