Dragagem de corpos hídricos e intervenções em margens: efeitos nos peixes
DOI:
https://doi.org/10.20950/10.20950/1678-2305/bip.2022.48.e641Palavras-chave:
assoreamento, dragagem, ictiofauna, rio urbano, área de preservação permanente.Resumo
O processo de urbanização afeta dretamente os rios e riachos com inúmeros impactos, como lançamento de esgotos, barramentos e canalizações, que causam profundas alterações em suas características e também na sua biota. O assoreamento dos rios se caracteriza como uma das mais impactantes alterações, pois acarreta redução da profundidade e largura dos rios, pode provacar alterações físicas e químicas na água, bem como na estrutura de hábitats de alimentação e reprodução dos peixes. Como medida paleativa, é normal realizar a execução de desassoreamento (dragagem) dos rios, atividade esta também muito impactante. As enchentes é um dos principais fatores que fazem com que a dragagem seja executada. No intuito de analisar as atividades de desassoreamentos, seus efeitos na biota e nos peixes migradores, bem como avaliar as melhores estratégias de gestão e mitigação dos impactos nos peixes, foi elaborado a presente revisão. Como constatado a movimentação e a remoção de sedimento do leito do rio podem causar soterramento e morte massiva de ovos e larvas, além de interferir na migração ascendente e descendente de ovos, larvas e adultos de peixes migradores. Além disso, sítios de reprodução e alimentação podem ser impactados pela movimentação, dragagem e deposição do sedimento. Recuperar as matas ripárias, realizar a fiscalização do uso do solo nas margens, afastar os assentamentos urbanos, fazer a avaliação do local de dragagem considerando os locais de desova e diminuindo a suspensão de sedimentos de fundo, bem como escolher o melhor equipamento e época para a realização das atividades, são medidas que minimizam os impactos da atividade de desassoreamento. Sendo assim, o desenvolvimento de pesquisas sobre o efeito da dragagem em peixes contribuiria com uma melhor gestão desta atividade.
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