Diversidade e similaridade em infracomunidades parasitárias de Mylossoma aureum e Mylossoma duriventre (Characiformes, Serrasalmidae) da Bacia do Médio Rio Madeira, sul do Amazonas, Brasil

Autores

  • Larissa Sbeghen Pelegrini Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Biociências, Departamento de Bioestatística, Biologia Vegetal, Parasitologia e Zoologia – Botucatu (SP), Brasil | Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale do Rio Madeira – Humaitá (AM), Brasil. https://orcid.org/0000-0001-8435-994X
  • Keythiane Freire Ramos Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale do Rio Madeira – Humaitá (AM), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-2348-3258
  • Reinaldo José Silva Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Biociências, Departamento de Bioestatística, Biologia Vegetal, Parasitologia e Zoologia – Botucatu (SP), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-3426-6873
  • Marcelo Rodrigues dos Anjos Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale do Rio Madeira – Humaitá (AM), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-0013-2236

DOI:

https://doi.org/10.20950/1678-2305/bip.2024.50.e807

Palavras-chave:

Diversidade parasitária, Pesca artesanal, Pacu, Parasitos de peixes amazônicos, Peixes continentais, Amazônia

Resumo

O total de 30 espécimes de Mylossoma aureum e 30 de Mylossoma duriventre da Bacia do Médio Rio Madeira foi examinado entre outubro de 2020 e março de 2021. Oito espécies de parasitos foram identificadas, e 65% dos peixes analisados estavam parasitados. Foram coletados 386 parasitos em M. aureum e 436 em M. duriventre. As curvas de acumulação de espécies em M. aureum não atingiram a assíntota, enquanto em M. duriventre as curvas tenderam à estabilização. Contracaecum sp. foi o único endoparasito encontrado. Anacanthorus paraspathulatus foi central e dominante em M. aureum. Em M. duriventre, a espécie central com maiores índices parasitários foi Mymarothecium sp. 3. Os índices de Margalef e Shannon foram maiores em M. aureum. A maioria dos parasitos apresentou padrão de distribuição agregado. Mymarothecium sp. 1, Mymarothecium sp. 2 e a riqueza parasitária mostraram correlação positiva significativa entre sua abundância e o comprimento de M. aureum e entre abundância de Mymarothecium sp. 1 e peso de M. aureum. Todos os parasitos são primeiros registros para o sul do Amazonas. Exceto A. paraspathulatus, todos os parasitos de M. aureum são mencionados pela primeira vez nesse hospedeiro. Os três morfotipos de Mymarothecium spp. são espécies novas que estão em processo de descrição taxonômica.

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2024-03-20

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Artigo cientí­fico

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