Biologia reprodutiva e desenvolvimento embrionário e larval do cardinal tetra, Paracheirodon axelrodi Schultz, 1956 (Characiformes: Characidae), em laboratório

Autores

  • Hélio Daniel Beltrão dos Anjos Engenheiro de Pesca e aluno de Pós-graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior -  INPA Laboratório de Ecologia de Peixes INPA/Max Planck http://orcid.org/0000-0002-5414-5518
  • Chris Rocha dos Anjos Engenheira de Pesca e aluna de Pós-graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior -  INPA Laboratório de Investigação Pesqueira, DEPESCA/UFAM

Palavras-chave:

peixe ornamental, cardinal tetra, Paracheirodon axelrodi, reprodução, embriologia, cativeiro

Resumo

Paracheirodon axelrodi, ou cardinal tetra, é um peixe ornamental cuja ocorrência natural está restrita í­Â  Bacia dos Rios Negro e Orinoco. É encontrado principalmente em igarapés de água preta e ácida com baixa velocidade de fluxo, e sua biologia reprodutiva é ainda pouco estudada. Neste trabalho são apresentados dados relativos a reprodução e desenvolvimento embrionário e larval em laboratório. A manipulação do ní­­vel da água (chuva artificial), pH e condutividade elétrica favoreceram a desova de Paracheirodon axelrodi. A espécie possui desova parcelada e os ovos são adesivos. Análises de oito fêmeas de cardinal tetra revelam fecundidade de 154 a 562 ovócitos, positivamente relacionada com o tamanho do peixe. O desenvolvimento dos ovócitos é do tipo sincrônico em mais de dois grupos, isto é, inúmeros ovócitos em diferentes fases de desenvolvimento são liberados em grupos. í­â‚¬ temperatura média de 26,0 ± 1,0°C, o desenvolvimento do ovo apresentou diferenciação embrionária rápida e perí­­odo larval longo. As larvas eclodiram, aproximadamente, 19 a 20 horas após a fertilização, com 2,9 ± 0,2 mm de comprimento total e corpo não pigmentado. No 5o dia de vida, as larvas apresentavam, em média, 4,1 ± 0,2 mm de comprimento total e nadadeiras em desenvolvimento. No 12 o dia de vida foram observados os primeiros pigmentos vermelhos na base da nadadeira anal, e uma faixa azul metálica lentamente formando-se e expandindo-se até a base da nadadeira adiposa. No 22o dia de vida, todas as nadadeiras estavam formadas, e os juvenis se assemelhavam aos adultos, com média de 11,0 ± 1,0 mm de comprimento total.

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Publicado

2018-10-29

Edição

Seção

Artigo cientí­fico

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