Diní­¢mica populacional e reprodução de Artemesia longinaris (Decapoda, Penaeidae) no Estado do Rio de Janeiro, Sudeste do Brasil

Autores

  • Ximena Ester Guajardo Semensato Universidade Estadual do Norte Fluminense, Laboratório de Ciências Ambientais, CBB
  • Ana Paula Madeira Di Beneditto Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Laboratório de Ciências Ambientais http://orcid.org/0000-0002-4248-9380

Palavras-chave:

Artemesia longinaris, crescimento, reprodução, mortalidade, manutenção do estoque, Sudeste do Brasil

Resumo

Durante 2004, dados referentes í­Â  distribuição de frequência de tamanho de Artemesia longinaris (Decapoda, Penaeidae) foram analisados no Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, para fornecer informações sobre crescimento, reprodução e mortalidade. Amostragens mensais foram realizadas entre janeiro e dezembro de 2004 durante operações de pesca locais. Os espécimes foram sexados e checados quanto í­Â  maturidade e o comprimento da carapaça (CC) e o peso úmido foram medidos. O tamanho da primeira maturação (CC50%) e o perí­­odo reprodutivo também foram verificados. Os procedimentos do programa FiSAT II foram utilizados para identificação da função de crescimento de Von Bertalanffy (FCVB): CCt  = CC∞ [1 âˆ"™ exp âˆ"™ K (t âˆ"™ t0)] com melhor ajuste para a classe de tamanho, para estimar as taxas de mortalidade e o tamanho da primeira captura (CCC50%), e para predizer o rendimento por recruta. As médias do CC de espécimes imaturos e maturos foram de 10 e 13 mm para machos e de 14 e 17 mm para fêmeas. A relação entre comprimento da carapaça e peso para ambos os sexos indicou forte alometria, em que fêmeas são maiores que machos. Os parí­¢metros da FCVB diferiram entre os sexos: CC∞ = 18,9 mm e K = 0,69 anoâˆ"™1 (machos) e CC∞ = 28,4 mm e K = 0,58 anoâˆ"™1 (fêmeas). O CC50% (12,5 mm para machos e 16,4 mm para fêmeas) e o CCC50% (9,6 mm para machos e 10,7 mm para fêmeas) indicam que os camarões são geralmente recrutados pela pesca antes de produzir novos recrutas. A reprodução ocorre ao longo do ano, mas fêmeas ovadas foram abundantes principalmente em maio (outono) e setembro (final do inverno-iní­­cio da primavera). A mortalidade total foi de 2,88 para machos e 1,88 para fêmeas e as diferenças podem estar relacionadas í­Â  mortalidade natural e í­Â s taxas de crescimento. A análise de rendimento por recruta indicou que a taxa de exploração na região ainda é inferior aos valores máximos preditos. As ações locais, o manejo envolvendo as comunidades e as campanhas educacionais poderiam ser mais adequadas í­Â  sustentabilidade desta população de camarão. Isso pode incluir manejo alternativo relacionado í­Â  pesca com rede de arrasto, alterações na seletividade da malha da rede e até mesmo mudança no perí­­odo oficial de suspensão dessa pescaria. Os resultados apresentados devem ser considerados com cautela para fins de manejo e o monitoramento contí­­nuo e de longo prazo ainda é requerido para melhor entendimento da diní­¢mica populacional de A. longinaris e do seu cenário de pesca na região estudada.

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Publicado

2018-10-31

Edição

Seção

Artigo cientí­fico