O papel da modernidade no rompimento da tradição: As polí­­ticas da SEAP como dissolução do modo de vida da pesca artesanal

Autores

  • Sandro Augusto Teixeira de Mendonça Sociólogo, Doutorando do Programa de Ciências da Engenharia Ambiental da EESC/USP
  • Norma Felicidade Lopes da Silva Valencio Docente do Depto de Ciências Sociais da UFSCar e Professora Colaboradora do Programa de Pós Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental/EESC-USP http://orcid.org/0000-0003-1855-3458

Palavras-chave:

Modernidade Tardia, Modo de Vida da Pesca, Pesca Artesanal, Polí­­ticas Públicas de Pesca, Sociologia Ambiental, Tradição, Modernidade

Resumo

Neste artigo foi realizada uma análise sociológica das polí­­ticas públicas relativas í­Â  pesca, cujo objetivo busca transformar o valor tradicional da pesca artesanal em um valor superável pela modernidade. Tais polí­­ticas fomentam novos significados, relações e tecnologias para o setor pesqueiro através de um modelo de modernização da pesca que não considera o saber e o fazer tradicional. Para tanto, realizou-se uma análise sociológica, no contexto da Modernidade Tardia, como suporte da interpretação de pesquisa documental de registros e discursos oficiais da SEAP. Modernidade e tradicionalidade foram examinadas como categorias essenciais para o entendimento da supressão dos meios e modos de vida da tradição, como da pesca artesanal, no escopo das polí­­ticas formuladas para o setor pesqueiro no Brasil. O estudo conclui que existe grande distí­¢ncia entre o discurso e a prática das polí­­ticas anunciadas pela SEAP em 2003 e indica como o projeto de modernização da pesca em curso supera o valor da tradicionalidade da pesca artesanal.

Referências

BERKES, F. 1997 Two to tango: the role of government in fisheries co-management. Manitoba,

CA.CORDELL, J. 1983 Locally managed sea territories in Brazilian coastal fishing. FAO. Roma. 65p. FAO. Roma. 65p.

CÓDIGO de Conducta para la Pesca Responsable. 1995 Conferencia da FAO: Outubro de 1995. Disponí­­vel
em http://www.mma.gov.br. Acesso em 03 mar. 2006.

DIEGUES, A.C. 1983 Pescadores, Camponeses e Trabalhadores do Mar. SP: Ática.

DIEGUES, A.C. 1995 Povos e Mares: Leituras em Sócio- Antropologia Marí­­tima. São Paulo, NUPAUB- São Paulo, NUPAUBUSP. FAIRCLOUGH, N. 1995. Critical Discourse Analysis.Harlow: Longman Group UK Limited.

FAIRCLOUGH, N 1989 Language and Power. Harlow: Longman Group UK Limited.

FREYRE, Gilberto. 1945 Sociologia. RJ, Livraria José Olympio Editora. 275p.

FURTADO, L. G.; SIMí­-ES, J. 2002 Iconografia da Pesca Ribeirinha e Marí­­tima na Amazônia. Museu Goeldi.
146p.

GIDDENS, Anthony. 1991 As Consequências da Modernidade. SP: Ed. Unesp.

GIDDENS, A.; BECK, U.; LASH, S. 1997 Modernização Reflexiva: polí­­tica, tradição e estética na ordem social
moderna. São Paulo: Editora da UNESP. 264p.

LIMA, R. K. de; PEREIRA, L. F. 1997 Pescadores de Itaipu. Meio ambiente, conflito e ritual no litoral do
Estado do RJ. NiterUi: EDUFF. NiterUi: EDUFF.

POIZAT, G.; BARAN, E. 1997 Fishermen’s knowledge as background information in tropical fish ecology:
a quantitative comparison with fish sample results. Environmental Biology of Fishes, n.50. p.435-449.

SEAP. 2003 Projeto Polí­­tico-Estrutural. Disponí­­vel em: http://200.252.165.21/seap/html/projetopolitico.
htm. Acesso em 02 de jul. 2003.

SOUSA SANTOS, B. 2007 Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Disponí­­vel em: http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/ boaventura/boaventura_dh.htm. Acesso em: 15 fev. 2007.

SPERANDIO, L. M. Criação de Tilápias em Tanque-rede. Disponí­­vel em: http://www.ccinet.com.br. Acesso
em 03 jul. 2003.

TAVARES, M. C. 2000 Polí­­tica e economia na formação do Brasil contemporí­¢neo. In: Revista Teoria de
Debate. Editora Fundação Perseu Abramo. No. 44 abr/maio/junho de 2000. p.19-24.

TOLEDO, V.M. 1990 La perspectiva etnoecológica: cinco reflexiones acerca de las "ciencias campesinas” sobre la
naturaleza com especial referencia a México. Ciencias Ciencias Especial 4. p.22-29.

TOLEDO, V.M. 1991 El juego de la supervivencia: un manual para la investigación etnoecológica en Latinoamerica. University of Berkeley, California. 75 p.

TONNIES, F. 1973 Comunidade e Sociedade como 1973 Comunidade e Sociedade como entidades tí­­pico-ideais. In: FERNANDES, F. (org.) í  Comunidade e Sociedade. SP: Cia Ed. Nacional. SP: Cia Ed. Nacional. p.96-116.

VALENCIO, N.F.L.S.; MENDONí­"¡A, S.A T. 1999 Impactos do processo de interiorização do desenvolvimento paulista sobre as condições de vida e trabalho do pescador- barrageiro. São Carlos: Revista Teoria e Pesquisa, n 24-27 ( Água e Cidadania), dez, 1999. p.109-148

VALENCIO, N. F. L. S.; MENDONí­"¡A, S. A. T.;MARTINS, R. C. 2003 Da Tarrafa ao Tanque-rede: o Processo Polí­­tico-institucional de Extinção de uma Categoria de Trabalhadores das Águas. In:

VALENCIO, N. F. L. S.; MARTINS, R. C. (Org). Uso e Gestão dos Recursos Hí­­dricos no Brasil. Volume II. Desafios Teóricos e Polí­­tico-Institucionais. São Carlos,SP: Editora Rima. p.271í 293.

VALENCIO, N. F. L. S. 2006 Pescadores do rio São Francisco: a produção social da inexistência. São Carlos, SP: Editora RiMa. No prelo

Downloads

Publicado

2018-10-31

Edição

Seção

Artigo cientí­fico