A pesca do pirarucu (Arapaima sp.) na bacia do Rio Araguaia em Mato Grosso - Brasil

Autores

  • Isabel Fernandes KIRSTEN Universidade Federal de Mato Grosso. Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros
  • Lourdes RUCK Puerta Universidade Federal de Mato Grosso. Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros
  • Lucia Aparecida de Fatima MATEUS Universidade Federal de Mato Grosso. Laboratório de Ecologia e Manejo de Recursos Pesqueiros.
  • Agostinho Carlos CATELLA Embrapa Pantanal
  • Issakar Souza LIMA Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto Universitário do Araguaia. Grupo de Estudos em Peixe do Médio Araguaia

Palavras-chave:

pirarucu, pesca artesanal, manejo pesqueiro, São Felix do Araguaia

Resumo

Pesquisas que registrem a atividade de exploração das populações de pirarucu (Arapaima sp.) são inexistentes para o Estado de Mato Grosso. Neste trabalho caracterizou-se a pesca artesanal do pirarucu quanto a sua produção e rendimento em Captura por Unidade de Esforço (CPUE), destacando sua importí­¢ncia socioeconômica no Rio Araguaia e Rio das Mortes. A pesquisa foi realizada utilizando-se duas fontes de dados: 1) entrevistas e questionários, nos meses de agosto e setembro de 2008, para caracterização dos pescadores do municí­­pio de São Felix do Araguaia, e 2) declarações de pesca individual (DPI) do perí­­odo de 2007 a 2008, provenientes de duas zonas de pescadores da bacia do Rio Araguaia, para caracterização da pesca. Os apetrechos de pesca mais citados foram rede de espera, linhada e fisga, sendo que somente a linhada é permitida pela legislação de pesca. A renda obtida com as pescarias é equivalente í­Â  renda obtida em área manejada, porém a situação dos estoques é desconhecida. Os questionários aplicados mostraram resultados semelhantes aos obtidos no monitoramento de pesca por DPI, sendo as duas abordagens equivalentes. A pesca é realizada predominantemente nos meses de seca e é quantitativamente semelhante entre as duas zonas, sendo que o comprimento calculado para a maioria dos peixes desembarcados foi superior ao de primeira maturação. Em suma, verificou-se que a pesca e a comercialização do pirarucu na região necessitam ser ordenadas para garantir melhor situação aos pescadores e condições mais sustentáveis para espécie.

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Publicado

2018-11-10

Edição

Seção

Artigo cientí­fico