IMIGRAÇÃO DA TAINHA (Mugil cephalus LINNAEUS sensu latu) NA COSTA SUL DO BRASIL
Palavras-chave:
NíO CONSTAResumo
Após o exame, 5941 tainhas marcadas durante os anos de 1954 a 1962 foram consideradas como pertencentes í espécie circum-tropical Mugil cephalus Linnaeus, 1758 sensu lato, considerando ainda que a nossa fauna é composta por mais de uma espécie de tainha. Houve devolução de 12% das marcas que forneceram importantes informações sobre as migrações reprodutoras desses peixes. O período de reprodução tem duração de 10 meses (fevereiro-novembro), com picos em maio-junho (RS) e junho-julho (SC, PR, SP e RJ). O início da migração e a sua realização são incentivados pelos fatores meteoro-hidrológicos, característicos da passagem de uma frente fria: ventos fortes do SW, brusca queda de temperatura, precipitações pluviométricas e marés altas. Os cardumes que se formam no período de pré-reprodução, provavelmente permanecem intactos durante todo o movimento migratório, saindo agregados para o oceano, migram na direção N/NE ao longo da linha costeira, espalhando-se em diferentes rotas e velocidades de movimento até os locais de desova. A migração parece ter início em águas da Argentina e Uruguai e extinguir-se nas adjacências do limite zoogeográfico das águas costeiras sub-tropicais, próximo a Cabo Frio, com 23° de Latitude Sul. Durante o deslocamento migratório, o curso das tainhas é reforçado constantemente com a integração de outros contingentes, procedentes das águas salobras do litoral, e diminui em consequência do desligamento sucessivo dos cardumes desovados que retornam ao seu habitat anterior. O movimento correlacionado com fatores meteoro-hidrológicos é intermitente, interrompido por breves paradas nas águas estuarinas e costeiras. Os locais de desova não foram constatados, supondo-se que são distribuídos a certa distí¢ncia das praias, ao longo da costa. As extensões máximas registradas nas migrações dos peixes marcados na Barra do Rio Grande foram 790 milhas e em Cananéia, 180 milhas em direção NE. Nas áreas de desova existem correntes marinhas na direção oposta í da migração, as quais transportam ovos e larvas das tainhas até o litoral sul brasileiro, repovoando os habitats.