Fecundidade de peixes e tamanhos máximos de captura: instrumento auxiliar í­Â  gestão de pesca

Autores

  • Paulo de Tarso da Cunha CHAVES Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  • Francieli Gonçalves AZEREDO Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  • Emanuelle PINHEIRO Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

DOI:

https://doi.org/10.20950/1678-2305.2017v43n4p542

Palavras-chave:

reprodução, ovócitos, teleósteos, Sciaenidae, Brasil

Resumo

Descreve-se a relação entre fecundidade (F) e tamanho individual, bem como entre fecundidade relativa í­Â  massa das gônadas (Frg) e F, em 17 espécies de teleósteos do litoral do Paraná. Fêmeas adultas de Clupeidae, Ariidae, Mugilidae, Stromateidae, Centropomidae, Carangidae, Sciaenidae e Paralichthyidae foram obtidas junto í­Â  pesca artesanal. Mensuraram-se comprimento total e massa ovárica, e em microscópio estereoscópico foram contados os ovócitos vitelogênicos. Em 15 das 17 espécies, a fecundidade aumentou com o tamanho do indiví­­duo. A diferença entre F máxima e mí­­nima variou de 56,9% a 98,2% da F máxima, dependendo da espécie, expressa por F(máx-mí­­n) = 8405 + 0,7587.Fmáx (r = 0,96; n = 17). Em geral, Frg aumentou com F: Frg = 1,15.F0,7603 (r = 0,74; n=228), portanto espécies com maior F tenderam a produzir ovócitos menores. Para as 17 espécies, tamanhos estratégicos de conservação são recomendados, em geral, í­Â queles em que F máxima foi registrada. A eficácia da adoção de tamanhos máximos de captura como medida de gestão requer, na pesca profissional, estudos sobre seletividade das redes e, na amadora, orientação aos praticantes.

Referências

BERNARDES, R.A.; FIGUEIREDO, J.L.; RODRIGUES, A.N.; FISCHER, L.G.; VOOREN, C.M.; HAIMOVICI, M.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C.L. 2005 Peixes da Zona Econômica Exclusiva da Região Sudeste-Sul do Brasil. Levantamento com armadilhas, pargueiras e redes de arrasto de fundo. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo. 295p.

CASTELLO, J.P. 2010 O futuro da pesca e da aquicultura marinha no Brasil: a pesca costeira.
Ciência e Cultura, 62(3): 32-35.

CEMA 2013 Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente í  Paraná nº 91/2013. Disponí­­vel em www.legisweb.com.br/legislacao/?id=264907> Acesso em 09 mai. 2017.

CHAVES, P.T. 1989 Desenvolvimento dos ovócitos em Harengula clupeola, Urophycis brasiliensis,
Eucinostomus argenteus, Isopisthus parvipinnis e Menticirrhus americanus (Teleostei). Boletim do Instituto Oceanográfico, 37(2): 81-93.

CHAVES, P.T. 1994 Incubação de ovos e larvas em Genidens genidens (Valenciennes) Siluriformes, Ariidae) na Baí­­a de Guaratuba, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 11(4): 641-648.

CHAVES, P.T. 2012 Tamanho de maturação como instrumento de gestão pesqueira: uma revisão
crí­­tica. Acta Biologica Paranaense, 41(3-4):131-138.

CHAVES, P.T.; BOUCHEREAU, J.-L. 2000 Use of mangrove habitat for reproductive activity by
the fish assemblage in the Guaratuba Bay, Brazil. Oceanologica Acta, 23(3): 273-280.

CHAVES, P.T., COVA-GRANDO, G.; CALLUF, C. 2003 Demersal ichthyofauna in a Continental
Shelf region on the south coast of Brazil exposed to shrimp trawl fisheries. Acta Biologica Parananense, 32(1,2,3,4): 69-82.

CHAVES, P.T.; PICHLER, H.A.; ROBERT, M. 2002 Biological, technical and socioeconomic aspects
of the fishing activity in a Brazilian estuary (Guaratuba Bay). Journal of Fish Biology, 61(Suppl.
A): 52-59.

CHAVES, P.T.; ROBERT, M.C. 2003 Embarcações, artes e procedimentos da pesca artesanal no
litoral sul do Estado do Paraná, Brasil. Atlí­¢ntica, 25(1):53-59.

CHAVES, P.T.; VENDEL, A.L. 1997 Reprodução de Stellifer rastrifer (Jordan) (Teleostei, Sciaenidae)
na Baí­­a de Guaratuba, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 14(1): 81-89.

COCHRANE, K.L.; GARCIA, S.M. 2009 A Fishery Manager’s Guidebook. Oxford, Second Edition.
FAO & Wiley-Blackwell. 518p.

CONOVER, D.O. 2007 Fisheries: nets versus nature. Nature, 450: 179.

DIAS, J.F.; PERES-RIOS, E.; CHAVES, P.T.; ROSSI-WONGTCHOWSKI, C.L. 1998 Análise macroscópica dos ovários de teleósteos: problemas de classificação e recomendação de procedimentos. Revista Brasileira de Biologia, 58(1): 55-69.

FITZHUGH, G.F.; SHERTZER, K.W.; KELLISON, G.T.; WYANSKI, D.M. 2012 Review of size- and age-dependence in batch spawning: implications for stock assessment of fish species exhibiting
indeterminate fecundity. Fishery Bulletin-National Oceanic and Atmospheric Administration, 110(4):413-425

FROESE, R. 2004 Keep it simple: three indicators to deal with overfishing. Fish and Fisheries, 5(1):
86í 91.

FROESE, R.; PAULY, D. 2016 Editors. FishBase. World Wide Web electronic publication. Disponí­­vel em <www.fishbase.org> Acesso em 10 dez. 2016. GOMES, I.D.; ARAí­Å¡JO, F.G. 2004 Reproductive
biology of two marine catfishes (Siluriformes, Ariidae) in the Sepetiba Bay, Brazil. Revista de
Biologí­­a Tropical, 52(1): 143-156.

GOMES, I.D.; CHAVES, P.T.C. 2006 Ictiofauna integrante da pesca de arrasto camaroeiro no
litoral sul do Estado do Paraná, Brasil. Bioikos, 20(1): 9-13.

HE, X.; FIELD, J.C.; BEYER, S.G.; SOGARD, S.M. 2015 Effects of size-dependent relative fecundity
specifications in fishery stock assessments. Fisheries Research, 165(1): 54-62.

ICMBio 2016 Plano de Manejo Área de Proteção Ambiental Cananeia-Iguape-Peruí­­be, SP. Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Iguape, 187p.

LEMOS, V.M.; VARELA Jr, A.S.; SCHWINGEL, P.R.; MUELBERT, J.H.; VIEIRA, J.P. 2014 Migration and reproductive biology of Mugil liza (Teleostei: Mugilidae) in South Brazil. Journal of Fish Biology, 85(3): 671-687.

MILLER, B.S.; KENDALL, A.W. 2009 Early Life History of Marine Fishes. University of California
Press. 364p.

MIRANDA, L.; HAIMOVICI, M. 2007 Changes in the population structure, growth and mortality of
striped weakfish Cynoscion guatucupa (Sciaenidae,Teleostei) of southern Brazil between 1976 and 2002. Hydrobiologia, 589(1): 69-78.

MUNIZ, E.R.; CHAVES, P.T. 2008 Condição reprodutiva da betara preta, Menticirrhus americanus (Teleostei, Sciaenidae), na pesca realizada no litoral norte de Santa Catarina, Brasil. Acta Scientiarum, 30(4): 339-344.

NOGUEIRA, A.B.; CHAVES, P.T.; ROBERT, M.C.; AGUIAR, K.D. 2011 The physiography influence
on small-scale fishery strategies and attributes in Southern Brazil. Boletim do Instituto de Pesca,
37(1): 13-30.

PALUMBI, S.R. 2004 Why mothers matter. Nature, 430: 621-622.

PINA, J.V.; CHAVES, P.T. 2005 A pesca de tainhas na Baí­­a de Guaratuba, Paraná, Brasil. Acta Biologica Paranaense, 34(1,2,3,4): 103-113.

PINA, J.V.; CHAVES, P.T. 2009 Incidência da pesca de arrasto camaroeiro sobre peixes em atividade
reprodutiva: uma avaliação no litoral norte de Santa Catarina, Brasil. Atlí­¢ntica, 31(1): 99-106.

ROBERT, M.C.; CHAVES, P.T. 2001 Observações sobre o ciclo de vida da corvina, Micropogonias
furnieri (Desmarest) (Teleostei, Sciaenidae), no litoral do Estado do Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 18(2): 421-428.

ROBERT, M.C.; CHAVES, P.T. 2006 Dynamics of the artisanal fishing activity in two communities on
the South Coast of Brazil. Boletim do Instituto de Pesca, 32(1): 15-23.

ROOS, A.M.; BOUKAL, D.S.; PERSSON, L. 2006 Evolutionary regime shifts in age and size at maturation of exploited fish stocks. Proceedings of the Royal Society, Biological Sciences, 273(1596):1873-1880.

SANTOS, R.S.; SILVA, J.P.C.; COSTA, M.R.; ARAí­Å¡JO, F.G. 2015 O tamanho de primeira maturação como parí­¢metro para estabelecimento de tamanho mí­­nimo de captura para corvina no Sudeste do Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, 41(3): 507-518.

SEMA-PR 2009. Resolução 016/2009 Secretaria do Meio Ambiente do Paraná. Disponí­­vel em
<www.portosdoparana.pr.gov.br/arquivos/File/RESOLUCAO_SEMA_16_2009.pdf> Acesso em 28 dez. 2016.

VAZZOLER, A.E.A. DE M. 1996 Biologia da Reprodução de Peixes Teleósteos. Teoria e Prática. Maringá,EDUEM/SBI. 169p.

VENDEL, A.L.; CHAVES, P.T. 2006 Use of an estuarine environment (Barra do Saí­­ lagoon.Brazil) as nursery for fish. Revista Brasileira de Zoologia, 23(4): 1117-1122.

Downloads

Publicado

2017-12-15

Edição

Seção

Artigo cientí­fico