RESÍDUO SALGADO DE SARDINHA COMO ALIMENTO PARA BIJUPIRÁ: VANTAGENS ZOOTÉCNICAS E RESPOSTAS HISTOLÓGICAS

Autores

  • Leandro Amaral Herrera Instituto de Pesca, Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Pesca
  • Eduardo Gomes Sanches Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios -  APTA, Instituto de Pesca
  • Luciana Yuri Sato Instituto de Pesca, Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Pesca
  • Thaís Moron Machado Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios -  APTA, Instituto de Pesca http://orcid.org/0000-0002-5871-6488
  • Vanessa Villanova Kuhnen Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios -  APTA, Instituto de Pesca http://orcid.org/0000-0001-7087-1395
  • João Shimada Borges Faculdades Metropolitanas Unidas -  FMU http://orcid.org/0000-0001-6938-3239

DOI:

https://doi.org/10.20950/1678-2305.2019.45.1.442

Palavras-chave:

aquicultura, hepatossomatico, maricultura, Rachycentron canadum, Sardinella brasiliensis

Resumo

O processamento industrial do pescado gera uma quantidade significativa de resí­­duos, que são de alto valor nutricional. Portanto, o uso de resí­­duos de peixe pode ser uma prática sustentável para a engorda de peixes marinhos. No presente estudo, avaliamos os benefí­­cios da alimentação de juvenis de bijupirá com três diferentes dietas í­Â  base de resí­­duos de sardinha salgada: (i) formulada com silagem ácida de resí­­duo de sardinha salgada; (ii) formulada com um regulador de acidez; e, (iii) puro. Os peixes que foram alimentados com resí­­duo de sardinha salgada puro tiveram ganho significativo de peso e também expressaram uma menor taxa de conversão alimentar. Os peixes alimentados com as outras duas dietas apresentaram um desempenho zootécnico similarmente menor. Além disso, não foi observada nenhuma alteração significativa no trato digestório dos peixes que pudesse indicar um efeito prejudicial do resí­­duo de sardinha salgada para alimentação de bijupirá. No entanto, a dieta baseada no resí­­duo de sardinha salgada puro apresentou maiores í­­ndices organossomáticos. Isso pode ser atribuí­­do ao rico conteúdo lipí­­dico e de ácidos graxos do resí­­duo puro e pode ser um indicativo de que o processamento da silagem foi incapaz de fornecer a mesma quantidade de ácidos graxos. Em conclusão, nossos resultados indicam que o resí­­duo de sardinha salgada puro foi a melhor escolha dentre os tratamentos avaliados para a alimentação do bijupirá. O uso de resí­­duos de sardinha salgada como complementação da dieta deve ser melhor estudado, uma vez que seu uso pode melhorar o desenvolvimento da aquicultura como um instrumento de conservação dos recursos pesqueiros.

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Publicado

2019-02-13

Edição

Seção

Artigo cientí­fico

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