Impactos da atividade de piscicultura na Bacia do Rio Ribeira de Iguape, SP í Brasil
Palavras-chave:
piscicultura, qualidade da água, impactos ambientais, Bacia do Rio do Ribeira de Iguape/SP, espécies criadasResumo
Com o objetivo de avaliar o impacto dos efluentes de pisciculturas em cursos d'água na Bacia do Rio Ribeira de Iguape, SP, através de características físicas e químicas da água, visitaram-se 40 pisciculturas localizadas em oito municípios da região: Juquiá, Registro, Sete Barras, Miracatu, Pariquera-açu, Jacupiranga, Iguape e Cananéia. A água de abastecimento de viveiros e seus efluentes, lançados após o cultivo, foram analisados durante o período de julho a dezembro de 2001, sendo obtidos os valores de nove parí¢metros limnológicos. Através do Teste "t" de Student (p < 0,05), os efluentes apresentaram características distintas daquelas das águas de abastecimento, com maior quantidade de nutrientes, como fósforo total, amônia, nitrato e nitrogênio total. As pisciculturas foram agrupadas (agrupamento hierárquico aglomerativo) de acordo com suas características limnológicas em quatro grupos: 1) pisciculturas de pequeno porte, que produzem até 10 toneladas de peixe por ano; 2) pesqueiros (pesque pague e ou pesque solte), que adicionam semanalmente pequenas quantidades de rações; 3) pisciculturas de grande porte, que produzem em torno de 150 toneladas de peixe por ano e utilizam grandes quantidades de ração; 4) pisciculturas cuja água de abastecimento apresentara-se alterada. Pode-se observar que as pisciculturas de grande porte (grupo 3) apresentaram maior impacto que as de pequeno porte e os pesqueiros. Dentre os peixes criados, foram listadas 41 espécies, dentre exóticas (oriundas de outros países) e alóctones (provenientes de outras Bacias). Em 95% das pisciculturas visitadas ocorreram escapes de espécies para rios da Bacia. Foi possível verificar, dentre as espécies criadas, seis grupos de peixes nativos da Bacia do Rio do Ribeira de Iguape, SP, os quais constituem alimento de alto valor nutritivo e podem gerar trabalho para a comunidade local.
Referências
BRITSKI, H.A.; SATO, Y.; ROSA, A.B.S. 1984 Manual de identificação de peixes da região de Três Marias: com chaves de identificação para os peixes da bacia do Rio São Francisco. 3.ed. Brasília: CODEVASF.115p.
BRITSKI, H.A.; SILIMON, K.Z.S.; LOPES, B.S. 1999 Peixes do Pantanal í Manual de Identificação. 1.ed.Brasília. 184p.
BOEGER, W.A. 1998 Cadeia produtiva da aqüicultura do Vale do Ribeira, SP. Curitiba: UFPR. 23p. Relatório técnico.
CALOW, P. 1998 The Encyclopedia of Ecology and Environmental Management. Cornwall: Blackwell
Science. 805p.
CASTAGNOLLI, N. 1992 Criação de peixes de água doce. Jaboticabal: FUNEP. 189p.
CASTELLANI, D. 2002 Caracterização da piscicultura na região Sul de São Paulo (Brasil). Rio Claro.79p. (Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista).
CASTELLANI, D. e BARRELLA, W. 2005 Caracterização da piscicultura na região do Vale do Ribeira, SP. Ciência e Agrotecnologia, Lavras,29(1): 168-176.
GOLTERMAN, H.L.; CLINO, R.S.; OHSNTAD, M.A.M. 1978 Methods for physical and chemical analysis of freshwater. 8.ed. Oxford: Blackwell Scientific Publications.
GUIA 4 RODAS. Lista de peixes ameaçados de extinção. Disponível em: http://guia4rodas.abril.com.br/
conheca/pesca2006/peixes_ameaçados.shtml Acesso em: 01/05/2006.
HENRY-SILVA, G.G. 2001 Utilização de macrófitas flutuantes (Eichhornia crassipes, Pistia stratiotes, Salvinia molesta) no tratamento de efluentes de piscicultura e possibilidades de aproveitamento da biomassa vegetal. Jaboticabal. 80p. (Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista).
INSTITUTO DE PESCA. 2006 Estatística pesqueira. Disponível em: www.pesca.sp.gov.br/estatisticasindex.php. Acesso em: 01/05/2006.
KESTMONT, P. 1995 Different system of carp production and their impacts on the environment. Aquaculture, Amsterdam, 129:347-372.
KOROLEFF, F. 1976 Determination of nutrients. In: GRASHOF, K. (Ed.). Methods of seawater analysis.Verlag Chemie Weihim. p.117-181.
LATINI, A.O. 2001 O Efeito da introdução de peixes exóticas nas populações nativas das lagoas do Parque Estadual do Rio Doce, MG. Belo Horizonte. 72p. (Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais).
LOWE-McCONNELL, R.H. 1977 Ecology of Fishes in Tropical Waters. London: Edward Arnold.64p.
MACKERETH, F.Y.H; HERON, J.G.; TALLING, J. 1978 Water analysis: some revised methods for limnologist. Fresh Biological Associat. Publ.,n.36. 120p.
MALABARBA, L.R.; REIS, R.E.; LUCENA, M.S.; LUCENA, C.A. 1998 Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes. Porto Alegre:EDIPUC.
MANLY, B.F.J. 1994 Multivariate statistical methods. London:Chapman e Hall.
ONO, E.A. e KUBITZA, F. 1999 Cultivo de peixes em tanques redes. 2.ed. In: _______. (Ed.). Jundiaí.68p.
PÁDUA, H.B. 2001 Impacto ambiental: um impacto na aqüicultura. Revista Brasileira de Agropecuária,1(12): 1-66.
SANTOS, M.R. 1998 A variabilidade ambiental e as comunidades de peixes do Rio Ribeira de Iguape (SP). Jaboticabal. 109p. (Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista).
SÃO PAULO 1997 Diagnóstico ambiental participativo do Vale do Ribeira e litoral sul de São Paulo. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente. 87p.
SILVA, N.J.R. 2005 Diní¢mica de desenvolvimento da piscicultura e políticas públicas no Vale do Ribeira/ SP e Alto Itajaí/SCí Brasil. Jaboticabal. 544p. (Tese de Doutorado. Universidade Estadual Paulista, Centro de Aqüicultura).
VALENTI, W.C. 2000 Introdução. In: VALENTI,W.C.; POLI, C.R.; PEREIRA, A.; BORGHETTI, J.R. (Ed.). Aqüicultura no Brasil, bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília: CNPQ/MCT. p.25-32.
WOOTTON, R.J. 1992 Fish Ecology. New York:Champman e Hall. v.1, 212p.
ZAR, J.H. 1999 Biostatistical Analysis. 4.ed. New Jersey: Prentice Hall.