Impactos da atividade de piscicultura na Bacia do Rio Ribeira de Iguape, SP í  Brasil

Autores

  • Daniela Castellani Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Pólo Regional Sudoeste Paulista
  • Walter Barrella Departamento de Ciências do Meio Ambiente, PUCSP -  Sorocaba, SP

Palavras-chave:

piscicultura, qualidade da água, impactos ambientais, Bacia do Rio do Ribeira de Iguape/SP, espécies criadas

Resumo

Com o objetivo de avaliar o impacto dos efluentes de pisciculturas em cursos d'água na Bacia do Rio Ribeira de Iguape, SP, através de caracterí­­sticas fí­­sicas e quí­­micas da água, visitaram-se 40 pisciculturas localizadas em oito municí­­pios da região: Juquiá, Registro, Sete Barras, Miracatu, Pariquera-açu, Jacupiranga, Iguape e Cananéia. A água de abastecimento de viveiros e seus efluentes, lançados após o cultivo, foram analisados durante o perí­­odo de julho a dezembro de 2001, sendo obtidos os valores de nove parí­¢metros limnológicos. Através do Teste "t" de Student (p < 0,05), os efluentes apresentaram caracterí­­sticas distintas daquelas das águas de abastecimento, com maior quantidade de nutrientes, como fósforo total, amônia, nitrato e nitrogênio total. As pisciculturas foram agrupadas (agrupamento hierárquico aglomerativo) de acordo com suas caracterí­­sticas limnológicas em quatro grupos: 1) pisciculturas de pequeno porte, que produzem até 10 toneladas de peixe por ano; 2) pesqueiros (pesque pague e ou pesque solte), que adicionam semanalmente pequenas quantidades de rações; 3) pisciculturas de grande porte, que produzem em torno de 150 toneladas de peixe por ano e utilizam grandes quantidades de ração; 4) pisciculturas cuja água de abastecimento apresentara-se alterada. Pode-se observar que as pisciculturas de grande porte (grupo 3) apresentaram maior impacto que as de pequeno porte e os pesqueiros. Dentre os peixes criados, foram listadas 41 espécies, dentre exóticas (oriundas de outros paí­­ses) e alóctones (provenientes de outras Bacias). Em 95% das pisciculturas visitadas ocorreram escapes de espécies para rios da Bacia. Foi possí­­vel verificar, dentre as espécies criadas, seis grupos de peixes nativos da Bacia do Rio do Ribeira de Iguape, SP, os quais constituem alimento de alto valor nutritivo e podem gerar trabalho para a comunidade local.

Referências

BIZERRIL, C.R.S.F. 1994 Análise taxonômica e biogeográfica da ictiofauna de água doce do leste brasileiro. Acta. Biol. Leopol., 16(1): 51-80.

BRITSKI, H.A.; SATO, Y.; ROSA, A.B.S. 1984 Manual de identificação de peixes da região de Três Marias: com chaves de identificação para os peixes da bacia do Rio São Francisco. 3.ed. Brasí­­lia: CODEVASF.115p.

BRITSKI, H.A.; SILIMON, K.Z.S.; LOPES, B.S. 1999 Peixes do Pantanal í  Manual de Identificação. 1.ed.Brasí­­lia. 184p.

BOEGER, W.A. 1998 Cadeia produtiva da aqüicultura do Vale do Ribeira, SP. Curitiba: UFPR. 23p. Relatório técnico.

CALOW, P. 1998 The Encyclopedia of Ecology and Environmental Management. Cornwall: Blackwell
Science. 805p.

CASTAGNOLLI, N. 1992 Criação de peixes de água doce. Jaboticabal: FUNEP. 189p.

CASTELLANI, D. 2002 Caracterização da piscicultura na região Sul de São Paulo (Brasil). Rio Claro.79p. (Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista).

CASTELLANI, D. e BARRELLA, W. 2005 Caracterização da piscicultura na região do Vale do Ribeira, SP. Ciência e Agrotecnologia, Lavras,29(1): 168-176.

GOLTERMAN, H.L.; CLINO, R.S.; OHSNTAD, M.A.M. 1978 Methods for physical and chemical analysis of freshwater. 8.ed. Oxford: Blackwell Scientific Publications.

GUIA 4 RODAS. Lista de peixes ameaçados de extinção. Disponí­­vel em: http://guia4rodas.abril.com.br/
conheca/pesca2006/peixes_ameaçados.shtml Acesso em: 01/05/2006.

HENRY-SILVA, G.G. 2001 Utilização de macrófitas flutuantes (Eichhornia crassipes, Pistia stratiotes, Salvinia molesta) no tratamento de efluentes de piscicultura e possibilidades de aproveitamento da biomassa vegetal. Jaboticabal. 80p. (Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista).

INSTITUTO DE PESCA. 2006 Estatí­­stica pesqueira. Disponí­­vel em: www.pesca.sp.gov.br/estatisticasindex.php. Acesso em: 01/05/2006.

KESTMONT, P. 1995 Different system of carp production and their impacts on the environment. Aquaculture, Amsterdam, 129:347-372.

KOROLEFF, F. 1976 Determination of nutrients. In: GRASHOF, K. (Ed.). Methods of seawater analysis.Verlag Chemie Weihim. p.117-181.

LATINI, A.O. 2001 O Efeito da introdução de peixes exóticas nas populações nativas das lagoas do Parque Estadual do Rio Doce, MG. Belo Horizonte. 72p. (Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais).

LOWE-McCONNELL, R.H. 1977 Ecology of Fishes in Tropical Waters. London: Edward Arnold.64p.


MACKERETH, F.Y.H; HERON, J.G.; TALLING, J. 1978 Water analysis: some revised methods for limnologist. Fresh Biological Associat. Publ.,n.36. 120p.

MALABARBA, L.R.; REIS, R.E.; LUCENA, M.S.; LUCENA, C.A. 1998 Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes. Porto Alegre:EDIPUC.

MANLY, B.F.J. 1994 Multivariate statistical methods. London:Chapman e Hall.

ONO, E.A. e KUBITZA, F. 1999 Cultivo de peixes em tanques redes. 2.ed. In: _______. (Ed.). Jundiaí­­.68p.

PÁDUA, H.B. 2001 Impacto ambiental: um impacto na aqüicultura. Revista Brasileira de Agropecuária,1(12): 1-66.

SANTOS, M.R. 1998 A variabilidade ambiental e as comunidades de peixes do Rio Ribeira de Iguape (SP). Jaboticabal. 109p. (Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista).

SÃO PAULO 1997 Diagnóstico ambiental participativo do Vale do Ribeira e litoral sul de São Paulo. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente. 87p.

SILVA, N.J.R. 2005 Diní­¢mica de desenvolvimento da piscicultura e polí­­ticas públicas no Vale do Ribeira/ SP e Alto Itajaí­­/SCí Brasil. Jaboticabal. 544p. (Tese de Doutorado. Universidade Estadual Paulista, Centro de Aqüicultura).

VALENTI, W.C. 2000 Introdução. In: VALENTI,W.C.; POLI, C.R.; PEREIRA, A.; BORGHETTI, J.R. (Ed.). Aqüicultura no Brasil, bases para um desenvolvimento sustentável. Brasí­­lia: CNPQ/MCT. p.25-32.

WOOTTON, R.J. 1992 Fish Ecology. New York:Champman e Hall. v.1, 212p.

ZAR, J.H. 1999 Biostatistical Analysis. 4.ed. New Jersey: Prentice Hall.

Downloads

Publicado

2018-10-29

Edição

Seção

Artigo cientí­fico