Etnoictiologia de pescadores artesanais do Estuário do Rio Mamanguape, Paraí­­ba, Brasil

Autores

  • José Mourão Prof. Titular do Departamento de Farmácia e Biologia, da Universidade Estadual da Para-­­ba (UEPB) http://orcid.org/0000-0003-2249-5836
  • Nivaldo Nordi Prof. Adjunto IV do Departamento de Hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos

Palavras-chave:

pescadores artesanais, etnoictiologia, estuário, rio Mamanguape

Resumo

Este trabalho foi desenvolvido com duas comunidades de pescadores artesanais: Barra de Mamanguape e Tramataia, localizadas í­Â s margens do estuário do rio Mamanguape (ERM), litoral norte do Estado da Paraí­­ba. Os pescadores têm uma compreensão própria do "modo de vida†dos peixes de seu universo ictí­­ico. Tal compreensão se traduz num conhecimento, muitas vezes detalhado, sobre o comportamento reprodutivo, migratório, de defesa e alimentar de peixes estuarinos, o qual estes estudos procuraram resgatar. Os procedimentos metodológicos compreenderam a aplicação de entrevistas livres e questionários a pescadores experientes. Os resultados evidenciam categorizações tróficas do tipo: "peixes que comem de tudo†(omní­­voros), "peixes que comem o que encontram pela frente†(oportunistas), "peixes que se alimentam de crustáceos†(carní­­voros), "peixes que bebem espuma†(planctófagos), "peixes que comem lama e lodo†(iliófagos) e "peixes que se alimentam de peixes†(piscí­­voros). Outras categorias comportamentais foram mencionadas pelos pescadores: peixes que formam "mantas†(cardumes), peixes que "fazem zoada†(emitem sons), peixes "que pulam†(saltadores), peixes que "chocam na boca†(incubação oral), peixes" bravos, fortes e fracos" peixes que têm "cheiro†e peixes que "regurgitamâ€Â. Os dados obtidos neste trabalho fornecem informações sobre o estado atual da cultura pesqueira das comunidades estudadas e sugerem a importí­¢ncia de mantê-la preservada.

Referências

AGUIARO, T. 1999 Espectro alimentar, dieta preferencial e interações tróficas de espécies de peixes em lagoas costeiras do litoral norte do Estado do Rio de Janeiro. São Carlos, UFSCar. 172p. (Tese de Doutoramento. Programa de Pós-graduação em Ecologia e Recursos Naturais, UFSCar.).

ANDERSON, E. 1967 The ethnoichthyology of the Hong-Kong boat People. Berkeley, California University. 185p. (Tese de Doutoramento. California University, USA).

AKIMICHI, T. 1978 The Ecological Aspect of Lau (Solomon Island) Ethnoichthyology. J. Polynesian Soci., 87(4): 301-326.

ARAí­Å¡JO, F.G. 1984 Abundí­¢ncia relativa, distribuição e movimentos sazonais de bagres marinhos (Siluriformes, Ariidae), no Estuário da Lagoa dos Patos (RS), Brasil. Revta bras. Zool., 5(4): 509-543.

BEGOSSI, A. 1996 The fishers and buyers from Búzios Island (Brazil): Kin ties and modes of production.Ciênc. e Cult., 48(3): 142-148.

BEGOSSI, A. e FIGUEIREDO, J.L. 1995 Ethnoichthyology of southern coastal fishermen: cases from Búzios Island and Sepetiba Bay (Brazil). Bull. Mar. Sci., 56(2): 682-689

BORDIGNON, M. e MOURA, M.O. 2000 Aspectos da biologia do morcego-pescador Noctilio leporinus no litoral do Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 23, 13-18 fev., Cuiabá, 2000. Anais... Cuiabá, Sociedade Brasileira de Zoologia. p.45.

BOWEN, S.H. 1984 Detritivory in neotropical fish communities. In: ZARET, T.M (ed.). Evolutionary ecology of neotropical freshwater fishes. The Hague: W. Junk Publishers, Netherlands. p.59-66.

CHAVES, P.T.C. 1994 A incubação de ovos e larvas em Genidens genidens (Valenciennes) (Siluriformes,Ariidae) da Baí­­a de Guaratuba, Paraná, Brasil.Revta bras. Zool., 11(4): 641-648.

CHAVES, P.T.C. e VENDEL, A.L. 1996 Aspectos da alimentação de Genidens genidens (Valenciennes) (Siluriformes, Ariidae) na Baí­­a de Guaratuba, Paraná. Revta bras. Zool., 13(3): 669-675.

COATES, D. 1988 Length-dependent changes in egg size and fecundity in females, and brooded embryo size in males, of fork-tailed catfishes (Pisces: Ariidae) from the Sepik River, Papua New Guinea, with some implications for stock assessments. J. Fish Biol., 33: 455-464.

COSTA-NETO, E.M. 1998 Etnoictiologia, Desenvolvimento e Sustentabilidade no Litoral Norte Baiano. Um Estudo de Caso entre pescadores do Municí­­pio de Conde. Maceió, Departamento de Ciências Biológicas. 191p. (Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Alagoas).

FIGUEIREDO, J.L. 1977 Manual de Peixes Marinhos do Sudeste do Brasil I. Introdução. Cações, raias e quimeras. São Paulo: Museu de Zoologia, USP. 104p.

LOPES, J.P.; SANTOS, A.J.G.; TENÓRIO, R.A. 2000 Morcego pescador pode trazer grandes prejuí­­zos aos piscicultores. Panorama da Aqüicultura,Botafogo, 10(57): 15-19.

LOWE-McCONNELL, R.H. 1987 Ecological studies in tropical fish communities. Cambridge: University Press. 382p.

MANN, K.H. 1988 Production and use of detritus in various freshwater, estuarine, and coastal marine ecosystems. Limnol. Ocean., 33: 910-930.

MARANHÃO, T. 1975 Naútica e classificação ictiológica em Icaraí­­, Ceará: um estudo em antropologia cognitiva. Brasí­­lia, DF. 182p.(Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Brasí­­lia).

MARQUES, J.G.W. 1991 Aspectos Ecológicos na Etnoictiologia dos Pescadores do Complexo Estuarino -Lagunar Mundaú-Manguaba, Alagoas. Campinas, Instituto de Biociências. 280p. (Tese de Doutoramento. UNICAMP, SP).

MARQUES, J.G.W. 1995 Pescando Pescadores. Etnoecologia Abrangente no Baixo São Francisco. São Paulo: NUPAUB/USP, SP. 304p.

MELLO, L.C. 1989 Antropologia Cultural. Iniciação, teoria e temas. Petrópolis: Ed. Vozes, RJ. 294p.

MENEZES, N.A. e FIGUEIREDO, J.L. 1980 Manual de Peixes Marinhos do Sudeste do Brasil. IV. Teleostei.São Paulo: Museu de Zoologia, USP. 96p.

MENEZES, N.A. e FIGUEIREDO, J.L. 1985 Manual de Peixes Marinhos do Sudeste do Brasil. V. Teleostei.São Paulo: Museu de Zoologia, USP. 105p.

MISHIMA, M. e TANJI, S. 1982 Nicho alimentar de bagres marinhos (Teleostei, Ariidae) no complexo estuarino lagunar de Cananéia (25° S, 48oW).B. Inst. Pesca, 9(único): 131-140.

MORRIL, W.T. 1967 Ethnoichthyology of the Cha-Cha. Ethnology, 6: 405-417.

MUSSOLINI, G. 1980 Ensaios de antropologia indí­­gena e caiçara. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra. 289p.

ODUM, E.P. 1971 Fundamentals of ecology. London:W.B. Saunders Company. 574p.

PARTRIDGE, B. 1982 The structure and function of fish schools. Scientific American, 286(6): 90-99.

PAZ, V.A. e BEGOSSI, A. 1996 Ethnoichthyology of gamboa fishermen of Sepetiba Bay, Brazil.J. Ethnobiol., 16(2): 157-158.

POSEY, D. 1987 Etnobiologia: Teoria e Prática. In: RIBEIRO, B. (ed.). Suma Etnológica Brasileira.1 Etnobiologia. Petrópolis: Ed. Vozes. p.15-25.

REIS, E.G. 1986 Reproduction and feeding habits of the marine catfish Netuma barba (Siluriformes,Ariidae) in the estuary of Lagoa dos Patos, Brazil. Atlí­¢ntica, 8: 35-55

RIBEIRO, B.G. 1995 Os Índios das Águas Pretas. São Paulo: EDUSP. 270p.

SADOWSKI, V. e ALMEIDA DIAS, E.R. 1986 Migração da tainha Mugil cephalus (Linaeus,1758 - sensu lato) na Costa Sul do Brasil.B. Inst. Pesca, 13(1): 31-50.

SAZIMA, I. 1986 Similarities in feeding behavior between some marine and freshwater fishes in two tropical communities. J. Fish Biol., 29: 53-65.

SILVA, G.O. 1988 Tudo que tem na terra tem no mar. A classificação dos seres vivos entre os trabalhadores da pesca em Piratininga, RJ. Rio de Janeiro: FUNARTE /Instituto Nacional do Folclore. 102p.

SILVA-MONTENEGRO, S.C. 2002 A conexão homem/ camarão (Macrobrachium carcinus e M. acanthurus
no baixo São Francisco alagoano: uma abordagem etnoecológica. São Carlos, Programa de Pósgraduação em Ecologia e Recursos Naturais.210p. (Tese de Doutoramento. Universidade Federal de São Carlos).

SILVANO, R.A.M. e BEGOSSI, A. 1998 The artisanal fishery of the River Piracicaba (São Paulo, Brazil): fish landing composition and environmental alterations. Ital. J. Zool., 65 (Suppl.): 527-531.

THÉ, A.P.G. 1999 Etnoecologia e produção pesqueira dos pescadores da represa de Três Marias, MG. São Carlos, UFSCar. 84p. (Dissertação de Mestrado.Universidade Federal de São Carlos).

THOMPSON, J.M. 1966 The Grey mullets. Ocean. Mar. Biol. Annual Review, 4: 301-335.

VAZZOLER, A.E.A. de M. 1996 Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria e prática.. Maringá:EDUEM/SBI, São Paulo. 169p.

Downloads

Publicado

2018-07-01

Edição

Seção

Artigo cientí­fico