Estimativa da curva de crescimento da ostra Crassostrea brasiliana em bosques de mangue e proposta para sua extração ordenada no Estuário de Cananéia, SP, Brasil

Autores

  • Orlando Pereira Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Pescado Marinho/Instituto de Pesca/apta/SAA-SP
  • Marcelo Henriques Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Pescado Marinho/Instituto de Pesca/apta/SAA-SP http://orcid.org/0000-0003-1419-9121
  • Ingrid Machado Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Sul/CAPM/IP/apta/SAA-SP

Palavras-chave:

ostra, Crassostrea brasiliana, curva de crescimento, manguezal, estoques naturais

Resumo

O presente estudo teve por objetivo obter informações sobre a sobrevivência e o crescimento da ostra Crassostrea brasiliana em bancos naturais, que servissem para estimar a produção anual explotável e assim planejar melhor a extração racional desse recurso. A pesquisa foi realizada no perí­­odo de março de 2000 a fevereiro de 2001, coletando-se dados de sobrevivência e crescimento das ostras fixadas em raí­­zes de mangue do estuário de Cananéia. Um total de 140 ostras, selecionadas em duas estações (1 e 2), foram medidas mensalmente por um perí­­odo de 12 meses. Observou-se, no decorrer do trabalho, que, nas duas estações estudadas, as ostras apresentaram o mesmo comportamento em relação ao crescimento, quer seja, houve um grupo que apresentou crescimento lento, representando 72% das ostras estudadas, e um outro grupo de crescimento rápido, correspondente a 28% do total de indiví­­duos estudados. Os resultados das curvas de crescimento obtidas mostram que, seguindo o modelo de von Bertalanffy, C. brasiliana atinge o tamanho comercial (> 50 mm), respectivamente nas Estações 1 e 2, aos 19,52 e 18,81 meses de idade, no grupo de crescimento rápido, e aos 28,28 e 25,61 meses, no grupo de crescimento lento. Os dados mostram, ainda, que as ostras de bancos naturais tendem a crescer de forma mais lenta que as ostras de cultivo. A mortalidade natural foi em torno de 20% e, acrescentando mais 10% como margem de segurança, sugere-se que a extração máxima anual seja de, aproximadamente, 787.841 dúzias de ostras, desde que se mantenha o estoque total de ostras estimado em trabalhos anteriores (16.744.686 dúzias). Com as devidas medidas implantadas será possí­­vel adotar a extração ordenada desse bivalve na região de Cananéia, que contribuirá para preservar o ambiente, manter empregos e gerar receita para as comunidades tradicionais que vivem dessa atividade.

 

Referências

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Publicado

2018-07-01

Edição

Seção

Artigo cientí­fico