ASPECTOS REPRODUTIVOS DO CAMARÃO DULCÍCOLA <i>Macrobrachium amazonicum</i> EM UMA POPULAÇÃO VIVENDO A JUSANTE DA BARRAGEM DE UMA USINA HIDRELÉTRICA

Autores

  • Lubia Maciel MIRANDA Universidade Federal do Tri-­¢ngulo Mineiro, campus Iturama - UFTM-CIT, Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Animais Aquáticos - GEPEAA http://orcid.org/0000-0001-5042-7705
  • Larissa Rosa RODRIGUES Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, Instituto de Biociências http://orcid.org/0000-0002-0242-2325
  • João Alberto Farinelli PANTALEÃO Universidade de São Paulo -  USP, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto -  FFCLRP, Departamento de Biologia, Laboratório de Bioecologia e Sistemática de Crustáceos -  LBSC http://orcid.org/0000-0003-0067-5465
  • Luciana Segura de ANDRADE Universidade Federal do Tri-­¢ngulo Mineiro, campus Iturama - UFTM-CIT, Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Animais Aquáticos - GEPEAA http://orcid.org/0000-0001-9936-3730

DOI:

https://doi.org/10.20950/1678-2305.2020.46.3.589

Palavras-chave:

fishing resources;, Amazon River Prawn;, carcinology;, anthropic impacts;, management plan.

Resumo

O comportamento migratório das fêmeas de Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862) pode revelar estratégias para otimizar o estabelecimento da população. Com essa ideia em mente, avaliamos a biologia reprodutiva de M. amazonicum, hipotetizando que as fêmeas estavam uniformemente distribuí­­das a jusante da Usina Hidrelétrica. Os espécimes foram coletados mensalmente durante um ano, em seis localidades do Rio Grande, identificados quanto ao sexo e tiveram mensurado o comprimento da carapaça (CL). Foram capturados 14.697 camarões adultos, sendo 2.864 machos (AM), 11.082 fêmeas não-oví­­geras (AF) e 751 fêmeas embrionadas (BF). A menor fêmea BF possuí­­a 3,8 mm CL. A distribuição dos grupos demográficos foi avaliada por uma Análise de Componentes Principais (PCA), a qual explicou 95,16% da distribuição ao longo dos pontos de coleta (BF mais próximas da barragem). Tal explicação provavelmente foi relacionada com a precipitação, a qual variou significativamente ao longo do ano. Nossa hipótese de distribuição homogênea foi rejeitada, uma vez que as fêmeas oví­­geras sobem o rio até as proximidades da barragem, provavelmente para otimizar a dispersão das larvas. A reprodução foi contí­­nua com picos em perí­­odos que antecedem os valores máximos de precipitação.

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Publicado

2020-12-14

Edição

Seção

Artigo cientí­fico

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