O isolamento do Rio Grande da Represa Billings, São Paulo: efeitos sobre o fitoplí¢ncton durante um ciclo hidrológico completo
Palavras-chave:
abastecimento público, fitoplí¢ncton, Represa Billings, Asterionella formosa, Staurastrum spp, profundidade de atenuação da luzResumo
A represa do Rio Grande pertence ao sistema Billings, que detém o maior volume de água armazenado na Região Metropolitana de São Paulo. Em 1981 foi construída uma barragem isolando-a da Represa Billings, com o objetivo de melhorar o suprimento de água. Avaliaram-se os efeitos deste isolamento no fitoplí¢ncton í luz das variáveis ambientais estudadas simultaneamente entre março de 1985 e março de 1986. As amostras foram obtidas nas estações 1, 2 e 3, respectivamente a 1, 6 e 10 km da barragem nas quatro profundidades correspondentes a 100; 25; 1 e 0% de transparência ao Disco de Secchi. Entre os 45 gêneros de algas identificados, 44% eram verdes, 27% flageladas, 16% azuis e 13% diatomáceas. Estudos prévios evidenciavam a dominí¢ncia de Cyanophyceae/ Cyanobacteria e Chlorophyceae. Após o isolamento, Chlorophyceae e Bacillariophyceae passam a dominar, indicando uma possível melhora da qualidade da água. Entretanto, em agosto/1985 (inverno) uma floração de Asterionella formosa (dominí¢ncia = 96%), inversamente correlacionada ao teor de Si na água (Rs = í 0.51 ***), foi registrada na Estação 1, na profundidade correspondente a 1% de transparência, simultaneamente í ocorrência de um odor de hexacloro benzeno (BHC), que causou problemas ao abastecimento. Em janeiro/1986 (verão), uma floração de espécies de Staurastrum (>80%) ocorreu nas estações 2 e 3, a 25% de transparência. Estes resultados indicam que a melhora não foi suficiente para impedir a ocorrência de florações problemáticas ao abastecimento, até mesmo as favorecidas por eventos climáticos.
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