Resistência do mexilhão Perna perna a baixas salinidades e sua relação com a contaminação bacteriológica

Autores

  • Marcelo Barbosa Henriques Pesquisador Cientí­­fico -  CAPTA Pescado Marinho, Instituto de Pesca http://orcid.org/0000-0003-1419-9121
  • Hélcio Luis de Almeida Marques Pesquisador Cientí­­fico -  Instituto de Pesca http://orcid.org/0000-0002-8653-2547
  • Orlando Martins Pereira Pesquisador Cientí­­fico -  CAPTA Pescado Marinho, Instituto de Pesca
  • Julio Vicente Lombardi Pesquisador Cientí­­fico -  Instituto de Pesca

Palavras-chave:

moluscos bivalves, mexilhão Perna perna, TM (50), salinidade

Resumo

Os mitilí­­deos são classificados mundialmente como espécies eurialinas, ocupando grande área da faixa costeira e estuarina. No Brasil, a espécie mais importante em termos econômicos e produtivos é o mexilhão Perna perna. O objetivo deste trabalho foi estudar a resistência dessa espécie a baixas salinidades, visando contribuir para o conhecimento sobre sua biologia e fornecer subsí­­dios que auxiliem no ordenamento da atividade extrativa e de maricultura. O estudo foi desenvolvido com animais coletados no costão da Ilha de Urubuqueçaba, municí­­pio de Santos (SP), local mais abrigado e sob influência de contaminação bacteriológica, e no costão da Praia do Guaraú, municí­­pio de Peruí­­be (SP), local mais exposto í­Â  ação das ondas e sem contaminação. Para a determinação da resistência dos mexilhões a baixas salinidades realizaram-se experimentos em duplicata em duas temperaturas-ambiente (19°C e 28°C), nos meses de fev./2001 e ago./ 2001. Nos testes de resistência a baixas salinidades foram utilizados cinco tratamentos (salinidades de 4, 14, 24, 31 e 34) com quatro repetições cada um. Determinou-se o tempo decorrido para a morte de 50% dos animais (Tolerí­¢ncia Média = TM 50) e também o número de animais mortos em cada parcela após um tempo fixo de exposição. Os resultados indicam que os mexilhões provenientes de Urubuqueçaba são menos resistentes a baixas salinidades que aqueles provenientes de Guaraú. Isto pode indicar que a contaminação bacteriológica afeta a resistência dos moluscos, mesmo considerando as diferentes condições oceanográficas de abrigo dos costões rochosos nos dois locais estudados.

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Publicado

2018-10-29

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Artigo cientí­fico

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