Tratamento de efluentes de tanques de criação de Litopenaeus vannamei por sedimentação e absorção de nutrientes pela macroalga Ulva fasciata

Autores

  • Roberto RAMOS Departamento de Acuicultura, Universidad de Antofagasta, Chile
  • Luis VINATEA Laboratório de Camarí­µes Marinhos (LCM), Departamento de Aq-­¼icultura, CCA, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
  • Edemar R. ANDREATTA Laboratório de Camarí­µes Marinhos (LCM), Departamento de Aq-­¼icultura, CCA, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil -
  • Rejane H. R. da COSTA Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil http://orcid.org/0000-0002-6039-7076

Palavras-chave:

efluentes, carcinicultura, macroalgas, sedimentação

Resumo

Foi avaliada a eficiência de remoção de sólidos suspensos e nutrientes dissolvidos presentes nos efluentes do camarão marinho Litopenaeus vannamei, empregando tratamentos de sedimentação e absorção por macroalgas (Ulva fasciata) em três tempos de retenção do efluente: 6, 12 e 24 horas. Os parí­¢metros de qualidade de água analisados foram: oxigênio dissolvido (mg/L), salinidade (‰), pH, temperatura (°C), turbidez (NTU), DBO5  (mg/L), sólidos suspensos totais (mg/L), amônia (mg/L N-NH4+), nitrito (mg/L N-NO2), nitrato (mg/L N-NO3) e ortofosfatos (mg/L PO4-3). Os resultados sugerem que a maior eficiência no processo de sedimentação foi alcançada no tempo de 6 horas, atingindo valores de 94,0%, 93,6%, 41,6%, 74,3%, 47,4% e 56,1% para clorofila a, DBO5, N-NH4+, N-NO2, N-NO3 e P-PO4, respectivamente. Para a remoção da turbidez, o melhor desempenho foi alcançado pelo tratamento de 24 horas, com 95,5%, comparado com 78,4% para 6 horas e 93,5% para 12 horas em relação aos valores do efluente bruto. No processo de absorção de nutrientes as maiores porcentagens de remoção foram alcançadas pelo tratamento de 6 horas, com 23,7%, 47,1%, 7,1%, 37,0% e 48,4% para DBO5, N-NH3, N-NO2, N-NO3 e P-PO4, respectivamente, quando comparado com os valores do controle. Finalmente, quando integrados os processos de sedimentação e absorção com macroalgas observou-se que todos os tratamentos apresentaram uma alta eficiência de remoção de nutrientes. A turbidez para os três tempos testados foi de 95,8% (6 h), 96,6% (12 h) e 96,8% (24 h). Na remoção final da DBO5, o melhor desempenho foi conseguido no tempo de 6 horas de retenção, com 90,7%, comparado como os tratamentos de 12 horas (85,6%) e 24 horas (81,4%). No caso da remoção de N-NH4+ (57,1 í  59,8 e 57,4% para 6, 12 e 24 h), N-NO2 (64,9 - 62,2 e 59,5% para 6, 12 e 24 h), N-NO3 (37,3 í  21,0 e 41,1% para 6, 12 e 24 h) e P-PO4 (75,9 - 76,9 e 77,7% para 6, 12 e 24 h) os resultados foram semelhantes. O presente experimento sugere que os processo de sedimentação e absorção testados são eficientes para remover os nutrientes gerados no processo de produção do camarão.

Referências

ABCC. 2004. Carcinicultura Brasileira. O censo de 2003.Panorama da Aqüicultura. Março í  Abril 2004.

Alencar, J. R.; Horta, P.; Emoto, S.; Dutra,F.; Weiss, L. and Bouzon, Z. 2003. Evaluation of Ulva lactuca (Ulvales, Chlorophyta) growth in different salinities: an alternative for the treatment of carciniculture effluents in the south of Brazil In: Book of Abstract, V. 2, World Aquaculture Meeting, May 19-23, 2003 Salvador, Brasil.

APHA. Standard Methods for the Examination of Water and Wasterwater. American Public Health Association. Sprimgfield, Byrd Prepress, 20o ed.1998. 1193 p.

Boyd, C. E. 1992. Shrimp pond bottom soil and sediment management. In: Wyban, J. (ed), World aquaculture society `92. Proceedings of the special session on shrimp farming. Baton Rouge: World aquaculture society, 1992. p. 166-181.

Browdy, C.L.; Hopkins, J.S. (ed). 1995. Swimming through troubled water. Proceeding of the special session on shrimp farming. San Diego; The world Aquaculture Society. 253 p

Gomes, I.; Lacerda, E.; Leite, A. and Olivera, A. 2003. Effluent treatment of Litopenaeus vannamei (Boone, 1831) in laboratopry, using three stages, sedimentation, oyster filtration and macroalgae absortion. In: Book of Abstract, V. 2, World Aquaculture Meeting, May 19-23, 2003 Salvador,Brasil.

Hopkins, J. S. 1995. A review of water management regimes, which abate the environmental impacts of shrimp farming. In: Browdy, C. L. e J. S. Hopkins (eds). Proceedings of the special session on shrimp farming. Aquaculture ‘95. World aquaculture society, p.157-166

Jara-Jara, R.; Pazos, A.; Abad, M.; GarciaMartin,L. and Sanchez, J. 1997. Growth
of clam seed (Ruditapes decussatus) reared in the wasterwater effluent from a fish in Galicia (N.W.Spain). Aquaculture, vol. 158 (3/4). P. 247-262.

Jones, A; W.C. Dennison, N. and P. Preston.2001. Integrated treatment of shrimp effluent by sedimentation, oyster filtration and macroalgal absorption: a laboratory scale study. Aquaculture 193 : 155í 178.

Jones, A; Preston, P. and W.C. Dennison,2002. The efficiency and condition of oyster and macroalgae used as biological filters of shrimp pond effluent. Aquaculture Research, 33, 1-19.

Lefebvre, S.; Barillé, L. and Claire, M. 2000. Pacific oyster (Crassostrea gigas) feeding responses to a fish-farm effluent. Aquaculture, vol. 1-2. p.185-198.

Marinho-Soriano, E.; Morales, C. and Moreira,W.S.C. 2002. Cultivation of Gracilaria
(Rhodophyta) in shrimp pond effluents in Brazil. Aquaculture Research, 33: 1081-1086.

Nascimento, I.; Mangabeira, F.; Evangelista,A.; Santos, A.; Pereira, S.; Silvany, A. e
Carvalhal, G. 1998. Cultivo integrado de camarões e ostras: a busca de uma tecnologia limpa para o desenvolvimento sustentado. In: Anais de Aqüicultura Brasil’98 - Desenvolvimento com sustentabilidade. Recife-Pe - ABRAQ, v.2 , p.
503-514.

Nelson, S.; Glenn, E.; Conn, J.; Moore, D.;Walsh, T. and Akutagawa, M. 2001.
Cultivation of Gracilaria parvispora (Rhodophyta) in shrimp-farm effluent ditches and floating cages in Hawaii: a two-phase polyculture system.Aquaculture, vol. 193 (3/4), p. 239-248.

Neori, A.; Ragg, N. and Shpigel, M. 1998. The integrated culture of seaweed, abalone, fish and clams in modular intensive land-based systems: II. Performance and nitrogen portioning within an abalone (Haliotis tuberculata) and macroalgae
culture system. Aquacultural Engineering 17,215-239.

Nunes, A. 2002. Tratamento de efluentes e recirculação de água na engorda de camarão marinho. Panorama de Aqüicultura 71, 27-39.

Nush, E. A. 1980. Comparation of different methods for chlorophyll and phaeopigment determination.Arch. Hydrobiol.Beith. Sttugart, 14: 14-36.

Olivera, A.; Guimarães, E.; Alves, G. and Guimarães, I. 2003. Shrimp farming effluent
treatment using the "Native Oyster” Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) in Rio Formoso community-PE, Brasil. In: Book of Abstract, V.2, World Aquaculture Meeting, May 19-23, 2003 Salvador, Brasil.

Paez-Osuna, F.; Guerrero-Galvan, S.; RuizFernandez, A. and Espinoza-Angulo,
R. 1997. Fluxes and mass balances of nutrients in a semi-intensive shrimp farm in north-western, México. Mar. Pollut. Bull., 34, 290-297.

Páez-Osuna, F. 2001. The environmental impact of shrimp aquaculture: a global perspective.Environmental Pollution, Amherst, v. 112, p.229-231.

Pagand, P.; Blancheton, J. Lemoalle, J.and Casellas. C. 2000. Low density fish farm
including unit containing Ulva lactuca or Gracilaria verrucosa. Aquaculture Research, vol. 31, No 1, p 729.

Preston, N.; Christopher, J. and Buford, M.2003. Recent advances towards minimizing and managing waste nutrients from intensive shrimp farms in Australia. In: Book of Abstract, V. 2, World Aquaculture Meeting, May 19-23, 2003 Salvador,Brasil.

Pruder, G. Marine Shrimp pond effluent:Caracterization and environmental impact. In: Wyban, J. (ed), World aquaculture society `92. Proceedings of the special session on shrimp farming. Baton Rouge: World aquaculture society,1992. p. 187-1190.

Rocha, P. I. 2005. Um análise da produção, demanda e preços do camarão no mercado internacional. Revista da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). Nº 2, Junho 2005. p 24-35..

Rodrigues, J. 2005. Carcinicultura Marinha Desempenho em 2004. Revista da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). Nº2, Junho 2005. p 38-44.

Sandifer, P. & Hopkins, J. 1996. Conceptual design of a sustainable pond-based shrimp culture system.Aquacultural Engineering 15, 41-52.

Samocha, M.; Lopez, M.; Jones E.; Jackson,S. and Lawrence, A. 2004. Characterization
of intake and effluent waters from intensive and semi-intensive shrimp farms in Texas. Aquaculture Research 35, 321-339.

Souza, T. 2003. Tratamento de efluentes de carcinicultura por dois wetlands artificiais pilotos, com e sem Spartina alterniflora. Perspectivas de aplicação. Dissertação (Mestrado em Aqüicultura),Departamento de Aqüicultura, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina,Florianópolis, SC, Brasil.

Shpigel, M. & Neori, A. 1996. The integrated culture of seaweed, Abalone, fish and clams in modular intensive land-based systems: I. Proportions of size and projected revenues. Aquacultural Engineering 15, 313- 326.

Shpigel, M; Gasith, A. and E. Kimmel. 1997.A biomechanical filter for treating fish-pond effluents. Aquaculture, 152: 103-117.

Teichert-Coddington, D.R.; D.B. Rouse; POTTS,A. and C.E, Boyd. 1999. Treatment of harvest discharge form intensive shrimp pond by settling. Aquacultural Engineering, 19 : 147-161.

Tilley, D.; Badrinarayanan, H.; Rosati,R. and Son, J. 2002. Constructed wetlands
as recirculation filters in large-scale shrimp aquaculture. Aquacultural Engineering Vol. 26,No 2, p.81-109.

Vidotti, E.C. & Rollemberg, M. 2004. Algas: da economia nos ambientes aquáticos í­Â  bioremediação e í­Â  quí­­mica analí­­tica. Quim. Nova, Vol, 27, No 1,139-145.

Vinatea, L. 1999. Aqüicultura e desenvolvimento sustentável. Florianópolis : Editora da UFSC.Wong, B. e Piedrahita, R. 2000. Settling velocity characterization of aquacultural solids.Aquacultural Engineering 21, 233-246.

Xie B.; Zhuhong, D. and Xiaorong, W. 2004.Impact of the intensive shrimp farming on the water quality of the adjancent coastal creek from Easter China. Mar. Pollut. Bull. 48: 543-553.

Downloads

Publicado

2018-11-03

Edição

Seção

Artigo cientí­fico