Variação geográfica na forma e nas relações alométricas dos otólitos sagitta da maria-luiza Paralonchurus brasiliensis (Steindachner, 1875) (Teleostei, Sciaenidae) no litoral norte do Rio de Janeiro (21º S - 23º S), Brasil

Autores

  • Marcelle de Azevedo OLIVEIRA Laboratório de Ciências Ambientais, Centro de Biociências e Biotecnologia, Universidade Estadual do Norte Fluminense
  • Ana Paula Madeira DI BENEDITTO Laboratório de Ciências Ambientais, Centro de Biociências e Biotecnologia, Universidade Estadual do Norte Fluminense http://orcid.org/0000-0002-4248-9380
  • Leandro Rabello MONTEIRO Department of Biological Sciences, The University of Hull. Cottingham Road - HU6 7RX -  Hul -  UK

Palavras-chave:

variação geográfica, morfometria, otólito, Paralonchurus brasiliensis

Resumo

O objetivo desse estudo foi analisar as diferenças de forma e relações alométricas dos otólitos sagitta de Paralonchurus brasiliensis para identificar variações geográficas na costa do Estado do Rio de Janeiro. Os espécimes foram coletados em três áreas contí­­guas com caracterí­­sticas ambientais singulares: Atafona, Farol de São Tomé e Rio das Ostras. A forma dos otólitos foi descrita a partir de coordenadas de pontos de referência ao longo do contorno e no sulco acústico. As variáveis de forma foram submetidas a uma regressão, dentro dos grupos, sobre o comprimento dos otólitos, e seus resí­­duos foram utilizados em uma análise discriminante. Os grupos de indiví­­duos originados de áreas distintas apresentaram taxas de modificação alométrica diferenciadas. O padrão alométrico observado mostrou crescimento positivo no eixo antero-posterior e aumento relativo da área ocupada pelo óstio. A análise discriminante foi altamente significativa e eficaz na identificação da diferenciação geográfica. As diferenças morfológicas observadas foram relacionadas a diferenças ambientais entre os locais amostrados, principalmente aquelas associadas aos padrões de crescimento e grau de nutrição. A combinação de análises de forma e alometria do otólito mostrou-se eficaz para a identificação de variação geográfica do P. brasiliensis no litoral Norte do Rio de Janeiro.

 

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Publicado

2018-11-06

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Seção

Artigo cientí­fico

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