Therodamas fluviatilis (Copepoda: Ergasilidae), parasito de Paralichthys orbignyanus (Teleostei: Paralichthyidae) do estuário da Lagoa dos Patos e costa adjacente, RS, Brasil

Autores

  • Ana Velloso Mestrado em Aq-­¼icultura -  FURG / Fundação Universidade Federal do Rio Grande
  • Joaber Pereira JR Depto. de Ciências Morfobiológicas - PG Aq-­¼icultura da Fundação Universidade Federal do Rio Grande / Fundação Universidade Federal do Rio Grande
  • João Cousin Fundação Universidade Federal do Rio Grande

Palavras-chave:

aquicultura, Paralichthys orbignyanus, parasito de peixe, Ergasilidae, Therodamas fluviatilis

Resumo

Brí­¢nquias de 109 espécimes do linguado Paralichthys orbignyanus, coletados no estuário da Lagoa dos Patos e na costa adjacente, RS, Brasil, foram examinadas para verificar a provável presença de parasitos. O alto valor comercial e a tolerí­¢ncia a variações de fatores abióticos apresentados por essa espécie de linguado apontam para sua potencialidade de criação, assim como justificam a realização de estudos que levem ao conhecimento da fauna parasitária associada. No material retirado das brí­¢nquias do linguado registrou-se a presença de parasito do gênero Therodamas, sendo que, desse gênero, somente as fêmeas adultas são mesoparasitos. O parasito foi identificado como T. fluviatilis, e sua descrição original é a única disponí­­vel. Neste estudo, a ocorrência desse parasito em P. orbignyanus constitui o primeiro registro dessa espécie de parasito em hospedeiro marinho, embora estuarino-dependente, e também o primeiro registro no litoral brasileiro, sendo P. orbignyanus o novo hospedeiro para esse parasito. Isso justifica a descrição dos espécimes encontrados, a qual foi realizada através de desenhos e medidas. Esta descrição é comparada í­Â  de outras espécies de Therodamas, e as diferenças entre elas são discutidas. Até então, o parasito T. fluviatilis havia sido registrado unicamente em material coletado em carací­­deos da Argentina, o que poderia sugerir, preliminarmente, que esse parasito e aquele estudado neste trabalho fossem espécies distintas. No entanto, o fato de o linguado tolerar baixos ní­­veis de salinidade e conviver com várias espécies de peixes de água doce no estuário podem explicar tal ocorrência.

Referências

ABDELHALIM, A.I.; LEWIS, J.W.; BOXSHALL, G.A.1993 The external morphology of adult female ergasilid copepods (Copepoda: Poecilostomatoida): a comparison between Ergasilus and Neoergasilus. Syst. Parasitol.,Dordrecht, 24: 45-52.

AMADO, M.A.P.M. 1992 Ergasilí­­deos parasitas de peixes de águas continentais brasileiras (Copepoda: Poecilostomatoida), com uma hipótese de filogenia da famí­­lia. São Paulo. 207p. (Tese de Doutoramento.
Universidade de São Paulo).

AMADO, M.A.P.M. e ROCHA, C.E.F. 1996 Therodamas tamarae, a new species of copepod (Poecilostomatoida: Ergasilidae) parasitic on Plagioscion squamosissimus (Heckel) from the Araguaia River, Brazil; with a key to the species of the genus. Hydrobiol., Dordrecht, 325: 77-82.

AMATO, J.F.R.; BOEGER, W.A.; AMATO, S. 1991 Protocolos para laboratório - Coleta e processamento de parasitos de Pescado. Rio de Janeiro: Imprensa Universitária / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 81p.

ARAí­Å¡JO, H.M.P. e BOXSHALL, G.A. 2001 Therodamas Krí­¸ier, 1863 (Copepoda: Ergasilidae) from the Piauí­­ River estuary, State of Sergipe, Brasil. Hydrobiol., Dordrecht, 444: 97-202.

BIANCHINI, A.; WASIELESKY JR., W.; MIRANDA FILHO, K. 1996 Toxicity of nitrogenous compounds to juveniles of flatfish Paralichthys orbignyanus. Bull. Environ. Contam. Toxicol., New York, 56: 453-459.

BOXSHALL, G.A. e MONTí­Å¡, M.A. 1997 Copepods Parasitic on Brazilian Coastal Fishes: a Handbook. Nauplius, Rio Grande, 5/1: 1-225.

CARNEIRO, M.H. 1995 Reprodução e alimentação dos linguados Paralichthys patagonicus e Paralichthys orbignyanus (Pleuronectiformes: Bothidae), no Rio Grande do Sul, Brasil. Rio Grande. 80p. (Dissertação de Mestrado. Fundação Universidade do Rio Grande).

CARVALHO, J.P. 1955 O gênero Therodamas Krí­¸ier representado em águas brasileiras (Crustacea: Copepoda). Cienc. Cult., Campinas, 7(2): 97-98.

CRESSEY, R. 1972 Therodamas dawsoni, a new species of parasitic copepod (Cyclopoida: Ergasilidae) from the West Coast of Panama. Proc. Biol. Soc. Wash., Lawrence, 85: 265-270.

EIRAS, J.C. 1994 Elementos de Ictioparasitologia. Porto: Fundação Eng. António de Almeida. 339p.

EL-RASHIDY, H. e BOXSHALL, G.A. 2001 Ergasilid copepods (Poecilostomatoida) from the gills of primitive Mugilidae (grey mullets). Syst. Parasitol., Dordrecht, 42: 161-186.

GARCIA, A.M. e VIEIRA, J.P. 2001 O aumento da diversidade de peixes no estuário da Lagoa dos Patos durante o episódio El Nií­±o 1997-1998.Atlí­¢ntica, Rio Grande, 23: 85-96.

GODOY, M.P. 1987 Peixes do estado de Santa Catarina. Florianópolis: Editora da Universidade Federal de Santa Catarina.

HAIMOVICI, M.; MARTINS, A.S.; VIEIRA, P.C. 1996 Distribuição e abundí­¢ncia de teleósteos demersais sobre a plataforma continental do Sul do Brasil. Rev. Brasil. Biol., São Carlos, 56(1):27-50.

PAGGI, J.C. 1976 Una nueva especie de Therodamas (Therodamasidae: Cyclopoida) copepoda parásito de peces de água dulce de la Republica Argentina. Physis, Buenos Aires, 35:93-102.

SAMPAIO, L.A.N. 1999 Cultivo do linguado Paralichthys orbignyanus (Paralichthyidae) em diferentes salinidades. Rio Grande. 149p. (Tese de Doutoramento. Fundação Universidade do Rio Grande).

THATCHER, V.E. 1981 Patologia de peixes da Amazônia brasileira, 1. Aspectos gerais. Acta Amazonica, Manaus, 11: 125-140.

THATCHER, V.E. 1986 The parasitic crustaceans of fishes from the Brazilian Amazon, 16, Amazonicopeus elongatus gen. et sp. nov. (Copepoda: Poecilostomatoida) with the proposal of Amazonicopeidae fam. nov. and remarks on its pathogenicity. Amazoniana,Manaus, 10: 49-56.

THOMSEN, R. 1949 Copépodos parásitos de los peces marinos del Uruguay. Comum. Zool.Mus. Hist. Nat. Montev., Montevideo, 3(54): 1-41.

WASIELESKY JR., W. 1994 Tolerí­¢ncia do linguado Paralichthys orbignyanus (Valenciennes, 1839)(Pleuronectiformes - Paralichthyidae), a parí­¢metros Fí­­sico-quí­­micos. Rio Grande. 102p. (Dissertação
de Mestrado. Fundação Universidade do Rio Grande).

WASIELESKY JR., W.; POERSCH, L.H.; BIANCHINI, A.1994 Consumo de oxigênio do linguado Paralichthys orbignyanus em diferentes condições de salinidade e temperatura. Braz. Arch. Biol.Tecnol., Curitiba, 37: 817-825.

WASIELESKY JR., W.; MIRANDA FILHO, K.; BIANCHINI, A. 1995 Tolerí­¢ncia do linguado Paralichthys orbignyanus í­Â  salinidade. Braz. Arch. Biol. Tecnol., Curitiba, 38: 385-395.

WASIELESKY JR., W.; BIANCHINI, A.; MIRANDA FILHO, K. 1997a Tolerancia a la temperatura de juveniles de lenguado Paralichthys orbignyanus. Frente Marí­­timo, Montevideo, 17(Sec.A): 55-60.

WASIELESKY JR., W.; BIANCHINI, A.; SANTOS, M.H.S.; POERSCH, L.H. 1997b Tolerance of juveniles flattfish Paralichthys orbignyanus to acid stress. J. World Aqüacult., Baton Rouge, 28: 202-204.

WILSON, C.B. 1917 North American parasitic copepods belonging to the family Lernaeidae with a revision of the entire family. Proc. U.S. Nat. Mus., Washington, 53: 1-150.

Downloads

Publicado

2018-07-19

Edição

Seção

Nota cientí­­fica (Short Communication)